Na última semana, o Comité Olímpico Internacional (COI) fez marcha-atrás: depois de em fevereiro aconselhar as federações internacionais a banirem russos e bielorrussos das mais diversas competições desportivas, o presidente Thomas Bach anunciou que o COI quer ver atletas destes dois países nos Jogos Olímpicos de Paris, em 2014, mesmo que até lá se mantenha o conflito com a Ucrânia.
“A participação deve acontecer tendo em conta os méritos desportivos”, disse Bach em conferência de imprensa, sublinhando que o Comité Olímpico Internacional “não quer proibir atletas de participarem em competições desportivas por causa do seu passaporte”, até porque nunca o fez anteriormente.
“O movimento olímpico deve ser uma força que une e não uma força que divida”, continuou.
Com a invasão da Ucrânia sem fim à vista, as intenções do COI poderiam embater na força de quem pede a continuação de sanções duras para a Rússia, mas Bach tem agora um aliado de peso. E inesperado: os Estados Unidos.
Susanne Lyons, presidente do Comité Olímpico e Paralímpico dos Estados Unidos, explicou ao “Wall Street Journal” que os Estados Unidos apoiam a presença de atletas russos e bielorrussos em Paris daqui a um ano e meio desde que não compitam sob a sua bandeira ou cores mas sim como atletas neutros. Nos últimos Jogos Olímpicos de verão, em Tóquio, e nos Jogos Olímpicos de inverno, em Pequim, no início deste ano, os atletas russos participaram sob a nomenclatura de Comité Olímpico da Rússia, consequência do escândalo de doping, financiado pelo Kremlin, que assolou os Jogos Olímpicos de inverno de Sochi, em 2014. Apesar de não se ter ouvido o hino do país nas competições e nas cerimónias de medalhas, os atletas usaram as cores da bandeira da Rússia nos equipamentos. Para 2024, as limitações poderiam ser mais austeras.
Ao jornal, Susanne Lyons frisou que é essencial preservar “os ideais da inclusão”, apesar das ações dos governos. “Mesmo que a decisão nos deixe com um amargo de boca, é essencial para o movimento”, explicou, garantindo que os Estados Unidos continuam a apoiar “o povo e os atletas ucranianos”.
De acordo com o “Wall Street Journal”, será de esperar uma reação adversa por parte dos comités olímpicos europeus e Lyons antecipa que várias provas de qualificação olímpica que deveriam acontecer no velho continente poderão ser organizadas na Ásia.