Sky Brown nasceu em Miyazaki, no Japão, e é filha de mãe japonesa e pai britânico. Quando o skate se tornou modalidade olímpica, o primeiro plano que traçou não foi a pensar na qualificação, mas sim como iria convencer os pais a deixarem-na, com apenas 12 anos caso não houvesse adiamentos, participar nos Jogos Olímpicos de Tóquio.
A decisão de Stuart e Mieko Brown parecia tender mais para o não, por considerarem que a pressão seria muito grande para uma criança, mas a Team GB entrou em ação com uma promessa que tornou o objetivo de Sky uma realidade. A skater, apesar de tudo, implorou bastante pelo caminho.
“Vem para a nossa equipa, sem pressão, vai lá [a Tóquio] e diverte-te”, disse a equipa olímpica da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte a Sky, segundo declarações da atleta ao The Guardian. “Isso fez os meus pais sentirem-se um pouco melhor. Mas eu implorei e implorei…”, garantiu.
O momento da qualificação chegou em 2019. Sky tinha apenas 10 anos. Em Long Beach, na Califórnia, uma queda, que resultou num braço partido, quase terminou com o sonho olímpico. Mas foi com o braço engessado que chegou à primeira posição e assegurou o seu lugar.
Os acidentes não ficaram por aí e desta vez a resolução não foi assim tão simples. Em maio de 2020, durante um treino, uma queda arrepiante deixou Sky com fraturas no crânio e ossos partidos no pulso e na mão esquerda. Sem o adiamento, seria o fim do sonho olímpico.
“Segurei-a nos meus braços e ela sangrava sem saber o que se passava, à espera que o helicóptero a levasse para o hospital. Passámos a noite aterrorizados por não saber se a Sky ia conseguir sobreviver, enquanto a equipa dos cuidados intensivos tentava mantê-la viva”, lê-se na conta de Instagram de Stuart Brown. “Quatro dias depois, a Sky está sentada à minha frente com toda a sua memória de volta, sorridente, a ver TikTok enquanto come os seus snacks favoritos”.
Dois meses depois, Sky estava de novo em cima do skate.
Para Tóquio partiu como a mais nova da delegação britânica e uma de apenas duas representantes do país no novo torneio olímpico de skate. São muitas as atletas que têm vindo a público defender a cultura do skate e a noção de que é um desporto praticado também por mulheres, como Rayssa Leal, medalha de prata na categoria street. Se mais provas fossem precisas, a equipa britânica é um bom exemplo disso mesmo.
A primeira eliminatória da competição está marcada para a próxima quarta-feira, dia 4 de agosto, à 1h em Portugal. A final chega três horas e meia depois. Na categoria street foram duas as medalhadas com 13 anos, resta saber se a história será a mesma no segundo evento da modalidade.