À hora de fecho desta edição é ainda uma incógnita se Simone Biles, tetracampeã olímpica de ginástica artística no Rio 2016 e talvez a atleta de quem mais se esperava nestes Jogos Olímpicos (JO) de Tóquio, irá ou não competir este domingo para defender a sua medalha de ouro no salto, uma das suas especialidades e a primeira das quatro finais por aparelhos para as quais se qualificou. Aconteça o que acontecer, a ginasta de 24 anos já garantiu uma vitória: a de ter ajudado a tirar da sombra o tema da saúde mental dos atletas de alta competição, silenciado durante anos, mas que, pouco a pouco, tem deixado de ser tabu.
Mesmo que acrescente mais umas páginas de ouro ao seu impressionante palmarés, o grande legado de Biles nestes JO será o de, ao expor as suas feridas emocionais — abandonando a final por equipas e anunciando a sua desistência da final All-around, o concurso completo individual —, ter mostrado a milhões de pessoas em todo o mundo que “é OK não estar OK”, como a tenista Naomi Osaka escreveu no início de julho na revista “Time”. Ironia do destino: a nipónica, de 23 anos, que era a cara destes JO (foi ela quem acendeu a chama olímpica na cerimónia de abertura), foi eliminada do torneio de ténis poucas horas antes do anúncio de Biles. Foi um triste desfecho para o regresso à competição de Osaka, que confessou ter tido “longas crises depressivas” depois da sua vitória no Open dos EUA em 2018 e que este ano não jogou em Wimbledon e abandonou o torneio de Roland Garros por se sentir demasiado “vulnerável e ansiosa”.