O desejo de Pedro Proença é antigo, mas agora o presidente da Liga avançou como nomes concretos e uma baliza temporal. Em entrevista à “Renascença”, o líder do organismo que gere o futebol profissional em Portugal afirma querer que a final four da Taça da Liga se dispute no estrangeiro “o quanto antes”, apontando o “pós-2024” como momento de concretização da iniciativa e os Estados Unidos da América, Arábia Saudita e o mercado europeu como hipóteses.
Pedro Proença diz já haver um “caderno de encargos” para a organização, tendo sido “lançado um concurso público” e esperando que “muito rapidamente” haja “conclusões”. “O mercado é tripartido: América é uma boa possibilidade, o mercado da Arábia Saudita e o mercado europeu, que também nunca deixamos de fora”, indica.
Desde que a Taça da Liga adotou o formato de final four que essa fase final já teve diversas sedes, sempre em território nacional. A primeira edição com as meias-finais e final concentradas, em 2016/17, foi no Estádio Algarve, tendo as três temporadas seguintes sido em Braga.
Nas últimas três épocas, a final four foi em Leiria. O contrato para que a cidade acolha a fase decisiva da Taça da Liga termina, justamente, em 2024, ano a partir do qual Pedro Proença pensa ser possível levar a competição para o estrangeiro.
O presidente da Liga garante, à “Renascença”, haver “vontade dos clubes” para a realização desta ideia, que pretende exportar a “marca forte e credibilidade” da Liga Portugal. “Queremos fazê-lo o quanto antes. Temos partilhado isso com os clubes”, afirma.
Portugal não é totalmente alheio a organizar uma competição fora do país. Em 1994 e 1995, a finalíssima da Supertaça foi disputada no Parque dos Príncipes, em Paris.
Os exemplos de Espanha, França e Itália
A prática de realizar competições domésticas no estrangeiro, sobretudo fora da Europa, não é alheia a alguns dos principais países da Europa, ainda que os casos mais recorrentes sejam com as Supertaças, não as Taças da Liga.
Em Espanha, uma primeira experiência aconteceu com a Supertaça de 2018 em Tânger, Marrocos.
A partir de 2019, a competição mudou de formato, com meias-finais e finais a disputarem-se na Arábia Saudita, num contrato altamente lucrativo: segundo o “El País”, uma empresa pública do país paga €40 milhões anuais para receber o torneio, valor a dividir entre Federação, clubes e agência que intermediou o negócio. Ora, essa agência foi a Kosmos, de Gerard Piqué, que recebe €4 milhões por cada edição da Supertaça na Arábia. Como estas comissões começaram ainda quando o espanhol atuava no Barcelona, o negócio causou grande polémica.
Inicialmente, foi assinado um contrato válido por três edições, de 2019 a 2021. Em plena pandemia, a Arábia Saudita decidiu renovar o contrato até 2029, mantendo os mesmos €40 milhões anuais, num encaixe financeiro muito importante num momento especialmente difícil para o futebol espanhol.
Itália foi o país pioneiro nisto de levar, regularmente, a Supertaça além-fronteiras. Em 2012 e 2015, o troféu decidiu-se na China, e em 2014 e 2016 no Catar. Em 2018 e 2019 passou para a Arábia Saudita, sendo interrompido pela pandemia e voltando em 2022.
Segundo o portal especializado “Calcio e Finanza”, o acordo para disputar a Supertaça italiana na Arábia Saudita foi renovado por seis anos. Nas últimas edições, o contrato rendia €8 milhões, passando agora a €23 milhões por época.
França tem sido o país com a Supertaça mais itinerante. Em 2016 realizou-se na Áustria, em 2017 em Marrocos, em 2018 e 2019 na China e nos dois últimos anos em Israel. Em 2023, o troféu será na Tailândia, que pagará €4,5 milhões de euros.