Perfil

Futebol nacional

E o Villa Athletic Club? O fundador “nunca mais disse nada e escondeu-se”, os jogadores lidaram com “peso emocional de terem escolhido mal”

E depois do Villa Athletic Club, fundado pelo radialista conhecido por Conguito, que não pagou salários nem fez o que prometeu aos jogadores? A Tribuna Expresso falou com dois futebolistas que estavam no plantel do clube que, o ano passado, terminou pouco tempo depois de começar. Pedro Lagoa mudou de área e deixou o futebol em suspenso, Francisco Pardana mudou de equipa depois de um período mais difícil

Rita Meireles

Imagem retiradas das redes sociais do Villa Athletic Club

Villa Athletic Club

Partilhar

“Era um projeto que nos parecia, a todos nós jogadores, que tinha pernas para andar. Supostamente tinha uma base sustentada, porque era muito à base de patrocínios que supostamente seria o presidente, o Conguito, que arranjava”, conta Francisco Pardana à Tribuna Expresso.

Fábio Lopes, mais conhecido por Conguito, começou a sua carreira no digital. Os vídeos no YouTube foram a base de um percurso que, mais tarde, passou pela rádio e televisão, mas nem por isso as redes sociais deixaram de fazer parte do seu dia-a-dia. O criador de conteúdo conhece o poder do trabalho com marcas e outras entidades e sabe que a fórmula funciona.

O que não funcionou foi a reprodução do modelo de negócio no futebol. Ou, pelo menos, não foi suficiente. Se as marcas saírem do digital, a profissão perde a dimensão que tem e o negócio deixa de ser sustentável para os criadores. Das duas, uma: ou existem outras fontes de receita que lhes permitem manter as redes por gosto ou é o fim do projeto. Sem os patrocínios, no futebol acontece exatamente o mesmo: é necessário que outra fonte de investimento garanta o negócio. Mas, quando os patrocinadores falharam, não havia plano B.

Falar do Villa Athletic Club equivale a falar de um projeto forte o suficiente para atrair nomes como Edinho, internacional português, André Carvalhas, formado no Benfica, ou o treinador Meyong, antigo jogador do Vitória de Setúbal. Poucos meses após o clube ser fundado, contudo, surgiram queixas de salários em atraso, notícias de falta de comparência a jogos e licenças retiradas para utilizar um estádio em Ponte de Sor, onde a equipa ia apenas jogar, treinando em Lisboa.

O que lhes foi apresentado, afinal?

“Era um projeto de continuidade. Era ambicioso. Queriam o clube na primeira liga em poucos anos, acho que eram oito ou 10. Não era, por exemplo, criar uma equipa este ano e para o ano a maior parte dos jogadores iam embora e iam buscar outros. Continuava a maior parte da equipa junta e, claro, ia-se reforçar a equipa, como é normal, mas ficava ali um grande núcleo. Era um projeto que tinha, de facto, pernas para andar e tudo o que foi apresentado parecia bater certo, mas depois não”, explica Francisco Pardana.

Artigo Exclusivo para assinantes

No Expresso valorizamos o jornalismo livre e independente

Já é assinante?
Comprou o Expresso? Insira o código presente na Revista E para continuar a ler