Poucos dias depois de terem sido registadas mais três agressões contra árbitros, uma delas por parte de um pai num jogo de sub-10, e na reta final de mais um curso de iniciação de arbitragem da Associação de Futebol de Lisboa, a Tribuna Expresso conversou com Manuel António, um homem que entregou mais de 40 anos a esta área. Foi árbitro e ainda é observador e formador de pares e futuros pares. Quisemos saber porque há um défice de cerca de 200 árbitros nas competições de futebol da capital e com que olhos vê o mundo no qual os 42 candidatos a árbitro desejam entrar. A formação de futuras senhoras e futuros senhores do apito culmina agora com as provas escritas e físicas e ainda com um relatório de jogo
Há falta de árbitros. Como é que se explica isto?
Durante a pandemia muitos árbitros afastaram-se. Muitos tinham um emprego, faziam horas extra e até tinham um segundo emprego. Como estavam ligados à arbitragem, dispensaram esse segundo emprego ou as horas extra para se dedicarem à arbitragem. Obviamente que a arbitragem parou, não houve apoios de espécie alguma. Muitos árbitros acabaram por ir embora, tinham atividade aberta [nas finanças], fecharam atividade e foram embora. Agora estamos numa situação em que não temos árbitros para todos os jogos. É muito recorrente ver clubes que têm de recorrer ao público para arranjar árbitros, porque nenhum jogo se pode realizar sem árbitros, qualquer jogo tem de ter árbitros. O problema da retenção é muito difícil, embora a associação faça um bom acompanhamento, mas as circunstâncias em que nos deparámos com a pandemia levou a que Associação de Futebol de Lisboa precise de mais 200 árbitros.