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Benfica - Gil Vicente. Ramos pouco verde e o líder descansado até ao Natal

O Gil Vicente ainda desafiou por momentos a passeata triunfante do Benfica em casa na última jornada antes do Mundial, mas o regresso do convocado Gonçalo Ramos aos golos foi decisivo. Vitória por 3-1 da equipa de Roger Schmidt, que vai celebrar as festas com oito pontos de vantagem na frente

Lídia Paralta Gomes

Gualter Fatia/Getty

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Será, porventura, aquilo que mais chateia um adepto de um dos grandes no seu estádio: olhar para o verde do relvado e perceber que a sua equipa não tem bola. Por alguns minutos durante a 1.ª parte, o Gil Vicente conseguiu ser essa equipa, desafiando a lógica deste Benfica dominador, trocando a esfera com toques certos e bem executados - e não é por acaso que é uma das equipas do campeonato com mais posse.

Por essa altura, o marcador até mostrava um empate. Duas grandes penalidades nos primeiros 20 minutos de jogo, uma para o Benfica, aos 9’, que João Mário transformou, e aos 17’ foi Fran Navarro, depois de Otamendi aconchegar uma bola com o braço. E, por isso, ouviram-se assobios na Luz.

É natural que as bancadas assim reajam. O Benfica é líder do campeonato, joga futebol de ataque, rápido e refrescante, que habitua bem (ou mal) os adeptos. Ver-se como que manietado em casa, para mais frente a uma equipa que nas duas últimas épocas venceu na Luz, não é coisa que se apresente. Ainda assim, os assobios serão injustos para um Benfica que ainda não perdeu qualquer jogo esta temporada e os jogadores assim o terão sentido.

Procedendo a resolver o jogo rapidamente.

MANUEL DE ALMEIDA/LUSA

Porque foi depois de chegar o descontentamento das bancadas que apareceu Gonçalo Ramos. Aos 36’, o jovem avançado do Benfica, recém-convocado para o Mundial, estava lá para finalizar uma bola que Neres tentou que fosse talvez um cruzamento, talvez um remate. E aos 53’, evitando qualquer possível reação ou surpresa, fez o bis, num remate de cabeça que se seguiu a uma bela impulsão para responder a um cruzamento de Enzo.

E com o 3-1 o Benfica pôde colocar gelo no jogo, poupando pernas mundialistas e outras que também já carregam o peso do esforço de meia época de grande intensidade. Ainda deu para Musa falhar dois golos feitos e Neres atirar ao poste com aquele pé esquerdo que tem açúcar colado. Talvez este domingo não se tenha visto o Benfica mais cintilante desta época, o Gil também fez a sua parte, mas por vezes também é preciso ser pragmático. Campeonato, agora, só depois no Natal, com o Benfica descansado até lá, com oito pontos de vantagem para o FC Porto.

Já Ramos confirma o estatuto de melhor marcador do campeonato, com nove golos. Há quem o veja como verde para as exigências de representar Portugal num Mundial, mas o rapaz vai resolvendo. A chamada de Fernando Santos, conteste-se ou não, pode ser quantificada em números e vitórias e titularidade no líder do campeonato. Agora, é tempo de colocar as pistolas na mala para o Catar.