As contas foram feitas pela direção do Futebol Clube Mosteirense várias vezes nos últimos anos. Em 2015/16, 2017/18 e 2018/19, a equipa da freguesia de Mosteiros, concelho de Arronches — vila a tocar a fronteira de Portugal com Espanha —, foi campeã distrital de Portalegre e, como prémio, veio o direito a ascender na pirâmide do futebol e disputar as competições nacionais. Mas as contas que eram feitas tinham, invariavelmente, muitos zeros à direita para um clube que vem de uma freguesia com 366 pessoas (segundos os Censos de 2021) e de um concelho com 2.789 habitantes.
Talvez ninguém tenha feito mais estas contas que não batem certo do que Fernando Martins, presidente do Mosteirense. O dirigente expõe, à Tribuna Expresso, a crua realidade. Na distrital de Portalegre, o clube tem um orçamento de €40.000. Segundo a ginástica de somar e subtrair que Fernando Martins apresenta, para conseguir manter-se “com muita dificuldade” no Campeonato de Portugal, competindo numa série cheia de conjuntos da Grande Lisboa, o presidente diz que seriam precisos, “no mínimo”, uns €250 mil, cerca de seis vezes mais do que o orçamento atual.
O Mosteirense ganhou, por três vezes nos últimos seis anos, o direito de subir aos nacionais. Por três vezes, as frias contas obrigaram o Mosteirense a abdicar da subida na distrital que apenas reúne cinco equipas e terá atraído o fundador do Villa Athletic Club, aparecido em junho, a inscrever a equipa na Associação de Futebol de Portalegre - em teoria e na prática, seria menos argilosa a tarefa de garantir a promoção ao Campeonato de Portugal, a IV divisão e a primeira que percorre todo o país.