“Espero que possam criar uma competição fantástica com dois clubes”: Ceferin, Proença ou Al-Khelaïfi juntos contra a Superliga
Aleksander Ceferin, presidente da UEFA.
FABRICE COFFRINI/Getty
Numa conferência de imprensa que juntou UEFA, ligas europeias, associações de clubes ou adeptos, vários dirigentes reiteraram a rejeição à nova competição, entre várias críticas a Real Madrid e Barcelona. Ceferin considera que, “olhando para o calendário”, é “impossível” fazer coexistir uma Superliga com os atuais torneios europeus
“A coisa”. “The thing". A forma como nomeamos a realidade diz muito sobre o que pensamos dela, e foi, provavelmente, essa a razão para expressão usada, mais do que uma vez, por Ceferin para se referir à proposta da Superliga. “A coisa”.
Numa conferência de imprensa que reuniu o poder estabelecido no futebol europeu, o tom fez lembrar o da primavera de 2021, quando foi formalmente lançada a ideia de um campeonato organizado à revelia da UEFA. Todos unidos contra a Superliga, pouco depois da decisão do Tribunal de Justiça da União Europeu.
Estavam presentes, virtualmente, Aleksander Ceferin, presidente da UEFA, Pedro Proença, na sua qualidade de presidente das ligas europeias, Nasser Al-Khelaïfi, enquanto presidente da associação de clubes europeus, ou Renan Evain, enquanto diretor-executivo da associação europeia de adeptos. Em resposta ao formato anunciado, houve críticas em uníssono.
O mais vocal de todos terá sido Ceferin, para quem esta questão representa a grande batalha da sua presidência. O esloveno criticou o Barcelona e o Real Madrid, afirmando que “o futebol não está à venda: ”Espero que possam criar uma competição fantástica com dois clubes", ironizou o presidente da entidade sediada em Nyon.
Considerando o formato proposta “mais fechado que o de 2021”, já que “Leicester, Girona ou Atalanta não se poderiam classificar para a máxima competição”, Ceferin assegura que “o futebol continua unido”. Questionado sobre se, na prática, seria possível fazer coexistir a Superliga com os atuais torneios da UEFA, o presidente disse que, “olhando para o calendário”, tal é impossível. Ainda assim, se houver uma competição à margem da UEFA, o esloveno reconheceu que a sua organização não poderá castigar jogadores que nela participem, proibindo-os de disputarem Europeus de seleções, por exemplo.
Também nas redes sociais a UEFA já publicou uma mensagem contra a Superliga, com o lema “Mereçam-no em campo”, num manifesto já partilhado por alguns clubes e entidades do continente.
Pedro Proença, recentemente eleito presidente das ligas europeias, disse estar “na mesma linha de pensamento que a UEFA”, sublinhando que esta decisão “nada mudou” sobre qual considera que deve ser o formato dos torneios internacionais. O também líder da Liga Portugal acredita nos “princípios fundamentais das competições europeias”, que se devem “basear nas competições nacionais”. “Somos completamente contra o modelo da Superliga", atirou, taxativamente.
Alinhando pelas dúvidas semânticas de Ceferin, Nasser Al-Khelaifi questinou "quem é a A22"?", interrogando-se sobre “quem representa” a empresa por detrás da organização da Superliga. O presidente da associação de clubes europeus, também líder do PSG, é um apoiante antigo de Ceferin nesta disputa.
Finalmente, Javier Tebas, para quem a questão da Superliga vem sendo quase uma guerra pessoal contra Florentino Pérez, expressou “total apoio à UEFA”. O presidente da liga espanhola de futebol defende que “estarão sempre os mesmos clubes na primeira divisão”, pelo que esta proposta traduzirá, na verdade, “uma competição quase fechada”.