O jogo do ano deixou o Brasileirão ao rubro: Botafogo esteve a ganhar por 3-0, mas Palmeiras de Abel foi vencer por 4-3
Wagner Meier/Getty
Os cariocas realizaram uma primeira parte de sonho, mas na segunda parte, embalados por Endrick e com mais um desde os 75', os paulistas deram a volta, ficando a três pontos da liderança e deixando, também, o Bragantino de Pedro Caixinha a sonhar. John Textor, dono do Botafogo, queixou-se de “roubo", Abel disse que “só uma equipa no Brasil é capaz de fazer” uma reviravolta assim
Quando o Brasileirão entra na reta final, o Botafogo-Palmeiras foi vendido como o encontro que poderia deixar tudo em aberto na corrida pelo título ou, pelo contrário, dar um grande embalo para a equipa do Rio de Janeiro. O resultado superou todas as expetativas dos medidores de emoção: uma vitória da equipa de Abel Ferreira por 4-3, depois de ter estado a perder por 3-0, e as contas do primeiro lugar bem mais baralhadas.
Comecemos pelo fim, isto é, a situação pontual. O Botafogo continua líder, com 59 pontos em 30 jornadas, somente mais três que o Palmeiras, que tem mais uma partida disputada. Igualmente com 31 jogos estão o Grémio de Luis Suárez, que tem 53 pontos, ou o Atlético Mineiro de Hulk, com 52 pontos. Ainda com 52 pontos está o RB Bragantino de Pedro Caixinha, que surge aqui como candidato surpresa, até porque só tem 29 rondas das 38 rondas realizadas.
No Nilton Santos, a primeira parte foi a história de um vendaval negro e branco. Com uma entrada em jogo completamente desastrada do Palmeiras, o Botafogo dos nossos conhecidos Marçal (ex-Torreense e Nacional), Carlos Eduardo (ex-Estoril e FC Porto) e, claro, Tiquinho Soares, voou. Carlos Eduardo, Tchê Tchê e Junior Santos levaram o encontro para o descanso com 3-0 no marcador.
No entanto, a cenário alterar-se-ia radicalmente após o intervalo. Endrick, o fenómeno de 17 anos já contratado pelo Real Madrid, deu o grito de revolta para os homens de Abel Ferreira. Aos 49', pegou na bola, foi por ali fora e fez o 3-1, dando alguma esperança para os visitantes.
Aos 76', uma expulsão de Adryelson deixou o Botafogo com 10, continuando os minutos de horror para os cariocas com o penálti falhado por Soares aos 83'. Logo no minuto seguinte, Endrick, com novo excelente gesto técnico, fez o 3-2, entrando, de seguida, em jogo a conhecida mestria do Palmeiras nas bolas paradas. José López empatou aos 89' e Murilo fez o 4-3 final aos nove minutos da compensação.
Esta derrota vem acentuar a instabilidade do Botafogo. Desde que Luís Castro saiu para a Arábia Saudita, os cariocas já tiveram no banco Claudio Caçapa (durante somente quatro jogos), Bruno Lage (que durou 16 partidas) e, agora, Lúcio Flávio. Nas últimas 10 jornadas do campeonato, o Botafogo fez somente 11 pontos, sendo apenas a 15.ª melhor equipa na derradeira dezena de rondas.
Após a derrota, John Textor, dono do Botafogo, teceu fortes críticas à arbitragem. O dirigente classificou, nas redes sociais, o sucedido como “roubo”, apelando à demissão de Ednaldo Rodrigues, presidente da Confederação Brasileira de Futebol.
“Isso é corrupção, isso é roubo. Por favor, multe-me, Ednaldo, mas tem de renunciar amanhã de manhã. É isso que precisa acontecer. Este campeonato tornou-se uma piada”, disse, ainda, Textor aos microfones da TV Globo.
Ainda no relvado do estádio, Textor teve uma discussão com Abel Ferreira, confirmada pelo português na conferência de imprensa, momento em que o técnico disse que a situação estava “completamente resolvida”. Quanto à reviravolta, o antigo lateral disse que “só uma equipa no Brasil é capaz de fazer” uma partida assim, ainda que garante que o objetivo continue a ser “jogo a jogo”.
Caso o RB Bragantino de Pedro Caixinha vença, na noite de quinta-feira, o Goiás, ficará somente a quatro pontos do Botafogo, tendo ambos 30 jornadas disputadas. A 12 de novembro, os paulistas receberão os cariocas.