Os jogadores fugiram do horror em Israel. Com as competições paradas, como será o futuro do futebol no país?

Jornalista
No sábado, 7 de outubro, Tânia Ferreira acordou e olhou ao telefone. Havia 36 mensagens por ler, o que logo ativou os instintos de alerta. Ela estava em Portugal, mas Miguel Vítor, marido e pai das quatro filhas do casal, encontrava-se em Israel, onde joga desde 2016, no Hapoel Beer Sheva, vivendo a 30 quilómetro de Gaza.
Inicialmente, o futebolista não se apercebeu da gravidade do ataque do Hamas, porque as sirenes ecoaram em Beer Sheva, a cidade que fica a 15 minutos da sua residência. Mas, quando o telefone começou a tocar, com chamadas como as do compatriota e colega de equipa, Hélder Lopes, o panorama de emergência começou a desenhar-se. Ao longo do dia, e já depois de falar com a sua mulher, apercebeu-se que “não era como noutras vezes, não eram somente sirenes de rockets”.
Na mesma manhã, em Tel Aviv, José Rodríguez foi acordado, às 5h30, pela sua mulher. Estava “muito assustada". Os alarmes soaram e o jogador espanhol e a família, que vão na quarta temporada a residir em Israel, sabem que isso significa ir para o bunker à procura de abrigo.
Lá estiveram, com os filhos, durante “quatro ou cinco horas muito intensas”, conta o médio do Hapoel Tel Aviv. “Normalmente, os alarmes soam uma, no máximo duas vezes, e tudo acalma. Desta vez foi diferente. Quando soubemos que os próprios serviços secretos de Israel foram apanhados de surpresa, ficámos com muito medo, entendemos que as coisas não estavam sob controlo”, recorda à Tribuna Expresso.
Miguel Vitor e José Rodríguez fizeram, então, parte dos muitos estrangeiros que passaram a tentar fugir ao horror. O central português, que também tem nacionalidade israelita, estava separado da família porque as suas filhas estavam em período de férias
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