Analista e comentador de futebol
Em Inglaterra, ganhar é difícil. Escolher como se quer perder pode fazer a diferença. Tomás da Cunha fala da nova era Ange Postecoglou no Tottenham, o treinador australiano que dá algo aos adeptos para se agarrarem, para se entusiasmarem. O Tottenham Stadium parece outro, deixou-se levar pela felicidade
I want players to feel part of something special that they haven´t experienced before
Uma das declarações mais fortes desde que Daniel Levy é o dono do Tottenham aconteceu há pouco tempo. Considerando Mourinho e Conte bons treinadores, disse que não eram certos para os spurs. Resumiu, de forma simples, uma questão bastante complexa, que ultrapassa o trabalho desses dois nomes. O último título do clube aconteceu em 2008 e o jejum parece interminável, apesar do crescimento na era Pochettino. Kane, que se tornou o maior goleador de sempre, saiu sem sentir o sabor de um troféu. Aponta-se uma falta de ambição crónica ao emblema do norte de Londres, mas também há que olhar para o lado. Em Inglaterra, ganhar é difícil. Escolher como se quer perder pode fazer a diferença.
É aí que entra Postecoglou. Certamente o primeiro técnico australiano da história da Premier League não foi a primeira nem a segunda opção, mas o trabalho feito no Celtic (para não irmos mais longe, até Yokohama) deu-lhe uma oportunidade merecida. Independentemente do lugar em que o Tottenham terminar a época, a contratação trazia uma ideia associada. “Keep the ball down” é uma prioridade que interiorizou com o já falecido pai. Nas conferências de imprensa, dá lições de humanidade e recorre a acontecimentos da própria vida. No campo, contraria os antecessores de forma muito vincada. Não se joga sem a bola e chutar para a frente só em último recurso.
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