A chegada de Todd Boehly a Stamford Bridge terminou o embaraço do Chelsea, enxaguando-o do dinheiro russo de Abramovich e apetrechando o clube de nacionalidades e finanças socialmente mais aceites por estes dias.
Boehly, um norte-americano de 49 anos que fez fortuna a investir nas mais diversas áreas, dos seguros à tecnologia, já tinha algum do seu dinheiro no desporto - é um dos donos dos Los Angeles Dodgers, mítica equipa de beisebol - e chegou à Premier League em maio com os delírios de grandeza próprios dos milionários: logo na primeira janelas de transferências, no verão, gastou quase 300 milhões de euros em jogadores, servindo então, para lá de proprietário, de diretor desportivo e presidente do clube.
Em setembro, e apesar do investimento, já Thomas Tuchel estava de saída, com Boehly a pagar cerca de 22 milhões de euros para ir buscar Graham Potter ao Brighton. O clube do sul de Inglaterra era uma das surpresas dos últimos anos da Premier League, mas Potter, treinador discreto, forjado em lume brando em paragens exóticas como as divisões secundárias da Suécia antes de voltar ao seu país, parecia pouco encaixar naquela filosofia de carteira aberta e resultados imediatos.
Boehly com Potter num treino do Chelsea
Darren Walsh
No Natal, Boehly aumentou a parada e deu presentes a Potter de quase 340 milhões de euros, incluindo o empréstimo de João Félix e os mais 120 milhões por Enzo Fernández. Mas um Chelsea que já estava em crise dela não saiu e nem sete meses depois Graham Potter sai do clube com a mesma surpresa com que entrou, com um registo paupérrimo que coloca a milionária equipa de Londres num risível 11.º lugar na Premier League, com tantas vitórias quanto derrotas (10).
A última das quais, no sábado em casa com o Aston Villa, foi o fim da linha para um treinador que nunca foi escolha consensual, mas que talvez seja dos menos culpados do caos que se tornou este primeiro ano de Boehly como dono do Chelsea. O “Telegraph” garante que os jogadores souberam do despedimento do seu treinador ao mesmo tempo que o Mundo em geral: no momento em que o Chelsea colocou um comunicado no seu site a anunciar a saída. E não terão ficado nada contentes.
Nagelsmann é óbvio candidato
Nos 31 jogos em que esteve no banco dos blues, Graham Potter perdeu onze. A percentagem de vitórias não ultrapassou os 39%. Mas o seu despedimento, mais que uma necessidade imediata (o clube definha na liga, mas ainda pode ganhar a Champions), poderá ter sido uma jogada de antecipação.
Isto porque o Chelsea estará interessado em Julian Nagelsmann, o alemão recém-despedido pelo Bayern Munique e que estaria na lista do Real Madrid para a próxima época. No Chelsea, as portas de entrada estariam abertas no imediato para o jovem técnico alemão, cujo carimbo de prodígio dos bancos fariam crer uma luta de gigantes no verão para o contratar.
Os ingleses terão pensando aqui num atalho e a Sky Sports alemã garante que há 50% de hipóteses do treinador de 35 anos aceitar mudar-se para Londres e ir treinar no imediato. Curiosamente, uma das razões para a saída algo extemporânea de Nagelsmann do Bayern foi a ideia dos bávaros de se anteciparem à contratação do homem que desejavam para o lugar: Thomas Tuchel, o treinador que não durou nem quatro meses com Boehly. No mundo do futebol, parece estar tudo ligado.