Haver dois países plantados no extremo oeste da Europa, unidos pela terra que forma uma península, a acertarem agulhas para organizarem a maior competição desportiva do mundo fará sentido pela proximidade geográfica. Mas, aos vizinhos Portugal e Espanha, parece ser já certo que se juntará a nação que está no coração do leste do continente e dista milhares de quilómetros: a Ucrânia deverá mesmo fazer parte da candidatura à organização do Mundial de 2030.
A novidade, avançada inicialmente pelo “The Times, foi secundada esta terça-feira pelo “El País”, ao noticiar que o governo espanhol liderado por Pedro Sánchez “confirmou a intenção” de acrescentar o país que está em guerra com a Rússia há mais de 200 dias. Escreve o jornal que a junção da Ucrânia deverá ser anunciada oficialmente esta quarta-feira, em Nyon (13h), onde Fernando Gomes, presidente da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), dará uma conferência de imprensa com Luis Rubiales, homólogo da Federação Espanhola de Futebol (RFEF).
Além da notoriedade de ser a prova desportiva mais popular e vista - a FIFA deu conta de que, em 2018, a audiência televisiva total rondou os 3,5 biliões de pessoas -, o torneio de 2030 será também especial por assinalar o centenário da primeira edição. E, questões logísticas ainda à parte, as federações de Portugal e Espanha resolveram antecipar-se a outras propostas.
O ou os anfitriões do Mundial de 2030 serão votados e decididos apenas no Congresso da FIFA que se realizará em 2024. Para já, nas outras candidaturas que existem, igualmente conjuntas, uma é sul-americana (Uruguai-Argentina-Chile-Paraguai) e a outra, mais recente, é entre África, Europa e Médio Oriente (Egito-Grécia-Arábia Saudita).
O plano de juntar a Ucrânia colocaria o país a ser anfitrião dos jogos de, pelo menos, um dos grupos, numa altura em que a seleção do país tem realizado as suas partidas na vizinha Polónia, onde os seus clubes também disputam encontros das competições europeias da UEFA. A entidade, da qual Fernando Gomes e Luis Rubiales são vice-presidentes, apoiará também a inclusão da nação presidida por Volodymyr Zelensky.
No início de setembro e quando a proposta presumiria somente os vizinhos ibéricos, o presidente Aleksander Ceferin pronunciou-se a demonstrar o apoio da UEFA: “Vejo isto como uma licitação vencedora. Faremos o que pudermos para ajudar nessa candidatura. Está na hora de a Europa ser anfitriã do Mundial. Os dois países cheiram a futebol”.
A confirmar-se a candidatura tripartida ao Mundial de 2030, será a segunda vez que a Europa acolhe uma competição de seleções masculinas de futebol com jogos repartidos por mais do que dois países: o Campeonato da Europa de 2020 espalhou-se por 11 nações, mas, antes, só os Europeus de 2008 (Áustria e Suíça) e de 2012 (Polónia e Ucrânia) tiveram uma organização bicéfala.