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Futebol internacional

A arte do drible chegou ao Manchester United, que confirmou Antony e a sua ginga brasileira

O clube envolto numa luta própria para se reencontrar poderá ter feito a contratação, no papel, mais importante para elevar a sua qualidade num futuro próximo: eis Antony, o habilidoso extremo brasileiro que passou as duas últimas épocas no Ajax a fintar toda a gente que lhe apareceu à frente. A transferência poderá chegar aos 100 milhões de euros

Diogo Pombo

DeFodi Images

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Foi filme repetido exaustivamente nas últimas duas épocas. Se o programa dos sábados e domingos à tarde fosse ver a bola a ir ter com ele à direita do ataque do Ajax para a receber, muitas vezes, com artifícios em que a estética e o sentido prático se unem, e arrancar com ela na direção de um adversário para o desmontar sem lhe tocar, o futebol estaria porventura melhor, se não melhor, pelo menos mais animado para os olhos.

Com nome repartido irmãmente por dois idiomas, Antony azucrinou a vida a muita gente na Eredivisie, a repartir pequenos dribles no pé esquerdo com que fintou jogadores pelos Países Baixos com frequência maior do que a que regalava os olhos de quem depois esperava para o ver com o Ajax na Liga dos Campeões. E nos jogos onde se proporcionam os reais testes de aptidão para os futebolistas na Europa, o brasileiro também se mostrou.

Canhoto e nascido em 2000, foi a conjugação do tanto de brasileiro que há em Antony que terá levado o Manchester United a gastar 95 milhões de euros (que potencialmente poderão ser €100 milhões) para o ter na equipa carente de criatividade e engenho. O clube confirmou esta terça-feira o princípio de acordo com o jogador, haverá que esperar pelos exames médicos e a obtenção do protocolar visto de trabalho no Reino Unido que jamais, em mundo futebolístico sano, seria negado ao brasileiro.

O cargo de trabalhos alheio que Antony causou em 82 jogos pelo Ajax há muito que gritavam por uma experiência em campeonatos mais competitivos. Estando o dinheiro cada vez mais na Premier League e o Manchester United tão necessitado de futebolistas capazes de chocalhar um jogo sozinhos quando a dinâmica coletiva não o faz - como se tem visto neste arranque de temporada -, o clube decidiu-se pelo avultado investimento para ter um dos extremos mais desequilibradores que vive no futebol europeu.

Antony joga, sobretudo, a partir da ala direita, onde espera com a sua explosiva capacidade de sair com as fintas para ambos os lados do adversário, com a refinada técnica que ilude pernas com simulações várias e aptidão para ser tanto um driblador para depois cruzar, ou para sair com a bola rumo ao centro do campo e a rematar à baliza. Em duas temporadas com o Ajax, marcou 25 golos e deu 19 assistências.

Nesse par de épocas, quem o treinou foi Erik ten Hag, o careca neerlandês que agora reencontrará no United que o técnico foi incumbido de dar uma sólida base de jogo, construir uma fundação para vários anos e, consolidadamente, ir moldando uma equipa que possa de novo estar na luta pela conquista de títulos - tudo o que a direção volátil e distante dos irmãos Glazer, donos americanos do clube, tentam desde 2013, quando a figura parental Alex Ferguson saiu dos red devils para a reforma.

Enquanto a novela de Cristiano Ronaldo se mantém por resolver e o clube prossegue com o planetário futebolista, de 37 anos, com salário chorudo e renegado por Ten Hag para o banco de suplentes em vez de na equipa que o neerlandês quer pressionante a todo o campo, o Manchester United garantiu a que, no papel, deverá ser a sua contratação mais determinante para o futuro próximo. Com os dribles, a magia e a imprevisibilidade na técnica, Antony trará também ambição.