O abuso online é cada vez mais a regra e não a exceção no mundo do desporto. Episódios como o da final do Euro 2020, em que diversos jogadores ingleses foram alvo de comentários racistas, ou como o do Euro 2022, quando foram feitas publicações machistas sobre as jogadoras e equipas femininas, são cada vez mais frequentes.
O Instituto Alan Turing tentou perceber a dimensão desses mesmos comentários na rede social Twitter e acabou por descobrir que entre os mais afetados pelos tweets abusivos estão dois futebolistas portugueses: Cristiano Ronaldo e Bruno Fernandes.
No total, foram analisados 2,3 milhões de tweets, publicados durante a primeira metade da época passada. O estudo encontrou quase 60 mil publicações abusivas, afetando sete em cada 10 jogadores da Premier League. Metade dos comentários foram dirigidos a apenas 12 atletas, oito deles do Manchester United.
O relatório identificou dois momentos em que o volume de publicações aumentou. O primeiro foi a 27 de agosto de 2021, quando Ronaldo regressou ao United. Nesse dia, o número de tweets abusivos foi maior do que em qualquer outro: dos 188.769 publicados, 3.961 continham mensagens de cariz ofensivo.
O segundo pico surgiu a 7 de novembro do mesmo ano, quando Harry Maguire fez um pedido de desculpas após a derrota do Manchester United por 2-0 contra o Manchester City, em Old Trafford. Nesse dia foram contabilizados 2.903, sendo que alguns deles foram enviados em duplicado. “É possível que esta duplicação tenha ocorrido porque os utilizadores viram a mensagem abusiva e decidiram reproduzi-la, indicando organização orgânica em vez de comportamento coordenado", lê-se no estudo.
Além destes dois jogadores, estão na lista Marcus Rashford, Bruno Fernandes, Harry Kane, Fred, Jesse Lingard, Jack Grealish, Paul Pogba e David de Gea, por ordem de volume de tweets recebidos.
O Reino Unido prepara-se agora para introduzir novas leis destinadas a tornar o universo online mais seguro para os utilizadores, preservando ao mesmo tempo a liberdade de expressão, com regras para sites e aplicações tais como redes sociais, motores de busca e plataformas de mensagens.
"As empresas de redes sociais não precisam de esperar por novas leis para tornar os seus sites e aplicações mais seguros para os utilizadores”, defendeu Kevin Bakhurst, diretor na Ofcom, agência reguladora do Reino Unido.
Apesar de tudo isto, o estudo concluiu ainda que a maioria dos utilizadores das redes sociais são responsáveis quando falam de jogadores ou clubes: “A nossa investigação mostra que a grande maioria dos adeptos online se comportam de forma responsável e, à medida que a nova temporada começa, pedimos-lhes que denunciem mensagens inaceitáveis e abusivas sempre que as vejam”, concluiu.