Taça de Portugal feminina: o power do Racing acabou na 2.ª parte e o Benfica fez o pleno dentro de portas
MIGUEL A. LOPES
Encarnadas vencem por 4-1 e juntam Taça ao campeonato, Taça da Liga e Supertaça, numa época quase perfeita internamente. Racing Power, pela primeira vez no Jamor, entrou bem e colocou favoritas em sentido, mas após o intervalo acabaram as forças à equipa da Margem Sul
A guarda de honra que o Benfica fez ao Racing Power, os abraços dados às adversárias em lágrimas, os aplausos dos adeptos da equipa da Luz antes da equipa derrotada na final da Taça subir à tribuna do Jamor, foram muito merecidos. Pela primeira vez nestas andanças, a equipa da Margem Sul, 3.ª classificada na Liga no primeiro ano na primeira divisão, chegou à final da Taça disposta a não ser um mero espectador na consagração da época perfeita do Benfica. Lutou, chegou a meter as campeãs nacionais em sentido, mas a 2.ª parte trouxe a descida à realidade.
A derrota por 4-1 será dura para a sociedade das nações do Racing Power, clube nascido do amor de três pais e que vai fazendo o seu caminho de casa às costas. Surpreendendo o Benfica no arranque, o underdog desta final entrou a abrir, com três oportunidades claras. Jenny Vetter, logo aos 5 minutos, aproveitou um erro de Ucheibe para rematar, com Lena Pauels atenta na defesa. Com uma estratégia bem definida, a tentar explorar as costas da defesa do Benfica, o Racing Power ia assustando em futebol direto e transições. Em mais uma bola lançada da primeira linha, Vanessa Marques trabalhou bem na área e ofereceu o remate a Gerda Konst, com a bola a bater no poste. Poucos minutos depois, na sequência de uma bola parada, foi Pauels mais uma vez a salvar as encarnadas.
À falta de calo nos momentos decisivos, o Benfica respondeu como equipa que os conhece como a palma da mão. As encarnadas chegavam ao Jamor como vencedoras do campeonato, Supertaça e Taça da Liga. E depois de uma entrada em que raramente conseguiu ligar jogo, apesar de ter bola, foi num contra-ataque que abriu o marcador, quando o Racing Power se lançava para a frente. As combinações entre Marie Alidou, Kika e Andreia Faria acabaram com a primeira a fazer o primeiro golo do jogo.
MIGUEL A. LOPES
Respondeu bem o Racing Power, sem se desfazer do desejo de disputar o troféu. Depois da primeira oportunidade falhada, Konst redimiu-se com um golpe de cabeça antes do intervalo, que Pauels não conseguiu travar. O jogo ia empatado para o intervalo e com justiça.
A 2.ª parte seria, no entanto, cruel para o Racing Power, incapaz de manter o ímpeto físico do primeiro tempo. O Benfica aproveitou para ferir a equipa de João Marques com transições mortíferas. Batia a hora de jogo e Carol Costa colocou as encarnadas em vantagem num pontapé de penálti, não fosse ela a mulher dos penáltis decisivos - ainda há uma semana foi nos 11 metros que ajudou o Benfica a conquistar o campeonato nacional. Nem dez minutos depois, Lúcia Alves recebeu o passe de Kika, depois de uma recuperação a meio-campo da número 10 das encarnadas, para matar o jogo, face à dificuldade que o Racing Power já mostrava nesta fase.
Seria Kika a fechar as contas em 4-1 já nos descontos, em mais um momento de transição depois de um canto do Racing Power. Esta é a segunda vitória do Benfica na Taça de Portugal, depois do triunfo em 2019, era curiosamente João Marques o treinador da equipa. É também a consagração de um plantel que este ano também fez história na Europa, ao tornar-se na primeira equipa portuguesa a chegar à fase a eliminar da Champions.