Vir com asas dos antípodas equivale a morosidade, são horas e mais horas dentro de aviões e a passear o corpo por escalas em aeroportos. Porém, pouco depois do meio-dia, lá estavam elas, vestidas com o rigor de alguma formalidade, a saírem para a rua vindas das portas do Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa. Sorridentes, aos pulos e a trocarem abraços com quem as esperava, as jogadoras da seleção nacional afugentaram qualquer sinal de fadiga de viajante.
Havia bandeiras, cartazes, pessoas vestidas com a camisola da seleção, familiares e curiosos a aplaudir. Uma receção em festa pelo feito inédito que as jogadoras trouxeram da Nova Zelândia. “Fizemos história, é indescritível, foram horas de muitas emoções e parece que ainda não nos caiu bem a ficha do que se passou. Fizemos história por nós e por outras gerações. Só tínhamos uma oportunidade, o nosso objetivo era ganhar, se estávamos ali era porque tínhamos mérito, era o tudo por tudo”, resumiu Dolores Silva, de novo a fervilhar de emoções, ao microfone da “Sport TV”.
Enquanto, lá atrás, as companheiras efervesciam na festa, a capitã da seleção descreveu como “única” a receção, confessando-se “sem palavras” para se alongar acerca da surpresa que foi aterrarem assim em Portugal. “É o momento mais feliz da minha carreira, posso dizer de todas nós. É a realização de um sonho de gerações, um ponto alto para o futebol feminino em Portugal, deixa-nos muito orgulhosas e felizes. É um momento único e histórico”, diria ainda ao “Canal 11”, embora partilhando uma peculiar tristeza.
Francisco Neto não estava entre elas a cair nas boas graças destas boas-vindas - o selecionador nacional ficou na Nova Zelândia a “preparar tudo para a fase final do Mundial”, que arrancará em julho. Com o treinador permaneceu, também, o team manager da seleção, ambos a aprontarem o regresso que a comitiva terá de fazer à Nova Zelândia (jogará, na fase de grupos, em Dunedi, bem no sul do país, em em Hamilton e Auckland, a norte). “Ficou triste por não viajar e desfrutar de tudo connosco”, reconheceu Dolores.
E mais não disse, porque a pressa era necessária: um autocarro já esperava, de motor aquecido, para transportar a comitiva ao Palácio de Belém, onde esta sexta-feira são recebidas pelo Presidente da República. Os próximos parabéns virão de Marcelo Rebelo de Sousa.