Perfil

Uma odisseia de 13 jogos e 65 mil quilómetros para a história: Portugal está no Mundial 2023 e foi isto que teve de fazer para lá chegar

Futebol feminino

Joe Allison - FIFA

A vitória por 2-1 frente aos Camarões em Hamilton, na Nova Zelândia, garantiu história para Portugal, que pela primeira vez estará num Mundial feminino. E, para lá chegar, a seleção nacional foi a equipa que fez mais jogos. Veja aqui todas as paragens da caminhada histórica de Portugal até ao Mundial

Partilhar

Cátia Barros

Infografia

Jornalista infográfica

Lídia Paralta Gomes

Lídia Paralta Gomes

Texto

Jornalista

Alanya, Turquia, setembro de 2021. A perder ao intervalo, a seleção nacional atacou e atacou a baliza da equipa da casa, houve postes e barras a adiarem o festejo que rebentaria apenas uma vez, com um golo de Jéssica Silva aos 59 minutos. O empate 1-1 amargava o início da caminhada de Portugal para um objetivo inédito: o apuramento para o Mundial de 2023, a primeira vez da nossa seleção feminina no Campeonato do Mundo.

Ano e meio depois, duas evidências: sim, Portugal está pela primeira vez num Mundial. E foi a seleção que precisou de mais jogos para lá chegar.

No total foram 13 jogos entre qualificação, no tal Grupo H que começou com um empate, duas partidas no playoff continental e um derradeiro encontro do outro lado do mundo, frente aos Camarões. Esta quarta-feira, ainda houve sofrimento, tal como na Turquia houve bolas que teimaram ir beijar os postes e as barras, mas golos de Diana Gomes e de Carole Costa, este último já em horas extraordinárias, valeram uma vitória difícil por 2-1 e o bilhete para o Mundial, que se jogará de 20 de julho a 20 de agosto, na Austrália e Nova Zelândia.

No total, Portugal fez à volta de 65 mil quilómetros para cumprir o sonho - às vezes é preciso andar mesmo muito para o conseguir. Começou, então, com essa viagem à Turquia, numa qualificação em que a seleção nacional teve também deslocações a Israel, Bulgária, Sérvia e Alemanha. Nada de países europeus vizinhos, portanto. No grupo de qualificação, Portugal perdeu apenas dois jogos para a gigante Alemanha, ainda assim por números (3-1 e 3-0) que há poucos anos seriam impensáveis, dando réplica a uma das mais importantes seleções europeias. E para lá do deslize em Alanya, tudo o resto foram vitórias.

Ao ficar em 2.º lugar no Grupo H, Portugal seguiu para o playoff continental, batendo Bélgica e Islândia, equipas que moram à nossa frente no ranking da FIFA. Restava então um último jogo: no playoff intercontinental, a disputar na Nova Zelândia, com a seleção nacional a bater os Camarões.

E será aos antípodas, na longínqua Oceânia onde Portugal fez história esta quarta-feira, que daqui a cinco meses voltará para disputar o Mundial. A seleção nacional estará enquadrada no Grupo E, com a equipa campeã mundial, os Estados Unidos, os finalistas da última edição, os Países Baixos, e o Vietname.

Portugal arranca a competição a 23 de julho com as neerlandesas, a 27 joga com o Vietname e fecha o grupo com os Estados Unidos, a 1 de agosto.

  • O futebol é delas, para sempre. E elas estão no Mundial, pela primeira vez
    Crónica de Jogo

    Com ironia na distância, a seleção nacional teve de ir aos longínquos antípodas da Nova Zelândia para garantir a presença no primeiro Mundial feminino da sua história. Com dois golos de defesas centrais, o último de penálti e já nos descontos, Portugal ganhou (2-1) aos Camarões com o tão português fado do sofrimento pelo meio, conseguindo a inédita qualificação. Um feito que é o culminar de sacrifícios feitos por várias gerações e uma pegada deixada para as que vierem a seguir. Este verão, as portuguesas vão jogar no Campeonato do Mundo