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Futebol feminino

Austrália e Nova Zelândia pedem esclarecimentos “urgentes” à FIFA sobre o suposto acordo com a Arábia Saudita para o Mundial 2023

A entrada da Arábia Saudita como patrocinador do Mundial de futebol feminino de 2023 causou alguma estranheza e, agora sabe-se, não foi apenas aos grupos defensores dos direitos humanos. Os próprios países organizadores da competição não foram informados pela FIFA, algo que não os deixou nada contentes

Rita Meireles

Chris Hyde

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Na passada terça-feira, tornou-se pública a existência de um acordo entre a Arábia Saudita e a FIFA, que colocaria o país como um dos patrocinadores do Mundial de futebol feminino do próximo verão. Inevitavelmente, a notícia chegou acompanhada de alguma desconfiança em relação à compatibilidade entre um torneio feminino e um país que reprime a liberdade das mulheres.

Os grupos defensores dos direitos humanos foram os primeiros a manifestar-se. "Seria uma grande ironia para o organismo turístico saudita patrocinar a maior celebração do desporto feminino do mundo quando se considera que, como mulher na Arábia Saudita, não se pode sequer ter um emprego sem a permissão do seu tutor masculino", disse Nikita White, representante da Amnistia Internacional da Austrália, à Reuters.

Mas não foram só os ativistas a ficar descontentes com as novidades, também os países organizadores da competição (Austrália e Nova Zelândia) procuram um esclarecimento “urgente” sobre este acordo.

"A Football Australia entende que a FIFA celebrou um acordo de parceria em relação ao Mundial da Austrália e Nova Zelândia 2023", lê-se na declaração da federação australiana. "Estamos muito desapontados por a Football Australia não ter sido consultada sobre este assunto antes de qualquer decisão ser tomada. A Football Australia e a New Zealand Football escreveram conjuntamente à FIFA para esclarecer urgentemente a situação".

A federação da Nova Zelândia acrescentou ainda: "Se estes relatórios se revelarem corretos, estamos chocados e desapontados por ouvirmos isto, pois a New Zealand Football não foi de todo consultada pela FIFA sobre este assunto".

O acordo para o patrocínio ainda não foi formalmente anunciado, mas fará parte de um projeto que tem como principal objetivo colocar as marcas a apoiar o jogo feminino. Ou seja, o dinheiro gerado no Mundial será de novo investido na modalidade. Os valores deste acordo em particular não são conhecidos.

O Mundial 2023 começa a 20 de julho e termina exatamente um mês depois, a 20 de agosto. Portugal ainda está na luta por um lugar na competição através do play-off intercontinental, disputado este mês.