Na passada quinta-feira, a Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF) emitiu um comunicado onde dava conta de 15 emails iguais enviados por um grupo de jogadoras da seleção de futebol feminino. Todas teriam deixado claro que ou a situação atual da equipa mudava, referindo-se à destituição do selecionador Jorge Vilda, ou não continuariam a representar o seu país. Esta sexta-feira foi a vez dessas mesmas jogadoras, mais Alexia Putellas, contarem a sua versão dos factos.
Lamentando que a situação se tenha tornado pública, uma vez que as afeta a nível de saúde e emocionalmente, algo que consideram fazer parte da sua intimidade, as jogadoras desmentem o que foi dito.
“Em nenhum momento renunciámos à Seleção Espanhola de Futebol, como refere a RFEF no seu comunicado. Como dissemos no nosso contacto privado, mantivemos, mantemos e manteremos um compromisso inquestionável com a equipa nacional espanhola.”, lê-se.
O que as jogadoras terão realmente pediram foi para não serem convocadas até que se revertam situações que as afetam a nível “emocional, pessoal e de rendimento”. Além disso, que afetam, por consequência, “os resultados da seleção e que podem levar a lesões indesejáveis”. São estes, então, os motivos que as levaram a tomar esta decisão.
Jorge Vilda também foi mencionado no comunicado, o selecionador que parece estar no centro de todo o conflito. "Nunca pedimos a demissão do treinador, como já foi mencionado. Compreendemos que o nosso trabalho não é de forma alguma escolher essa posição, mas sim expressar de forma construtiva e honesta o que consideramos que pode melhorar o desempenho do grupo".
As acusações de chantagem ou de capricho, que têm chegado de vários lados, não foram ignoradas. "Alguém pode pensar que, oito meses antes de um Campeonato do Mundo, um grupo de JOGADORAS DE NÍVEL MÁXIMO, que é o que nos consideramos ser, consideraria esta decisão, como foi dado a entender publicamente, como um capricho ou chantagem?", questionam.
As jogadoras tomam a decisão de pedir para não serem convocadas a meses do Mundial, o que já diz muito sobre esta situação. Fazem-no sabendo que, segundo as próprias, penalizam as suas carreiras, situação económica e a construção de algo muito importante para o futebol feminino. Mas mesmo assim, avançaram. "Porque chegar onde estamos agora custou anos de esforço a muitas pessoas. E ainda há muito espaço para melhorias, como foi demonstrado recentemente", garantem.
O grupo de 15 jogadores, que na publicação do comunicado se faz acompanhar de outras colegas, como a melhor jogadora do mundo Alexia Putellas, deixa ainda uma mensagem à federação, mencionando a declaração que a entidade publicou, garantindo que não vai tolerar "o tom infantil com que a RFEF conclui a sua declaração".
“As jogadoras que apresentaram a sua renúncia só voltarão à seleção nacional no futuro se assumirem o seu erro e pedirem desculpa”, escreveu a RFEF.
Por fim, as espanholas, que tentam há semanas serem realmente ouvidas, deixam a certeza de que por um futuro melhor, vale a pena ir à luta: “Lamentamos que no contexto do desporto feminino tenhamos de ir a este extremo, como infelizmente aconteceu noutras equipas nacionais e noutros desportos historicamente a nível mundial, a fim de avançarmos com um projeto profissional poderoso e ambicioso para o presente e para as gerações futuras”.