No final de uma série de reuniões, o sentimento geral era de pouco otimismo. Beatriz Álvarez Mesa, presidente da Liga F, foi uma das que assumiu isso mesmo aos jornalistas no final de uma das reuniões onde marcou presença. Mas a verdade é que, de um dia para o outro, as árbitras decidiram aceitar a contraproposta que receberam depois de anunciarem que pretendiam um salário de 50 mil euros anuais: €25 mil para as árbitras e €16 mil para as assistentes.
De acordo com um comunicado, a Federação Espanhola de Futebol (RFEF) e o Conselho Superior do Desporto (CSD) "reforçam o seu compromisso com o futebol feminino”, chegando a um “acordo pioneiro que permitirá que a Primeira Divisão de Futebol Feminino comece a funcionar".
"No âmbito de um acordo para seis temporadas, o CSD contribuirá com mais €350 mil por ano durante as três primeiras temporadas, os quais serão atribuídos a um fundo mutualista individualizado que as árbitras poderão utilizar uma vez terminada a sua carreira profissional", indica a RFEF.
Da parte da Liga F, foi noticiado o início do campeonato, mas reforçando que o anúncio chega "após o vergonhoso episódio da jornada 1, que nunca deveria ter sido permitido”. A liga fez também questão de destacar que, desde o primeiro momento das negociações, demonstrou com atos que tinham todo o interesse e vontade de chegar a um acordo e dar início aos jogos.
"Não devem esquecer que a proposta da RFEF e das árbitras começou, não terminou, com uma taxa de arbitragem de 21 mil euros por jogo, tentando torná-la semelhante à taxa para a Segunda Divisão Masculina, uma competição que gera cerca de 150 milhões de euros por ano em direitos televisivos", lê-se no comunicado da Liga F. “Isto teria significado para a Liga F e os seus clubes uma despesa de arbitragem de 5 milhões de euros por época, ou seja, 70% das receitas audiovisuais geradas pela competição iriam para despesas de arbitragem".
Por considerar esta proposta “distante não só da realidade do futebol feminino, mas também do contexto socioeconómico que o país atravessa”, a liga tentou procurar uma solução que seria mais sustentável. Até porque como destacam em comunicado: "Por muito que alguns nos queiram fazer crer, a profissionalização não é uma chave que abra uma arca de dinheiro”.
No final, consideram que foi a união e firmeza dos clubes, jogadoras, adeptos e da opinião pública que apelou à sensatez do grupo de arbitragem.
O acordo fica assim fechado e árbitras, jogadoras e clubes regressam aos relvados. Mas termina aqui? A verdade é que neste momento as árbitras principais recebem mais que algumas das jogadoras e as assistentes recebem o mesmo. Quando a liga se tornou profissional, ficou definido que o mínimo que cada jogadora iria receber seriam 16 mil euros. Não será uma grande surpresa se, depois disto, a liga tiver que rever o acordo que tem com as jogadoras.