Fórmula 1

Montenegro assegurou ter “tudo pronto para formalizar” o regresso da F1 a Portugal, mas o chefe da prova nada garante: “Será difícil”

Montenegro assegurou ter “tudo pronto para formalizar” o regresso da F1 a Portugal, mas o chefe da prova nada garante: “Será difícil”
Mario Renzi - Formula 1

Stefano Domenicali, diretor da Fórmula 1, confirmou Portugal como um dos países interessados em juntar-se ao calendário de corridas da prova (a par de Turquia e Alemanha), mas, ao contrário da garantia dada pelo primeiro-ministro, disse que será complicado qualquer país integrar o calendário - e que é preciso “ter poder financeiro”

O responsável máximo da Fórmula 1, o italiano Stefano Domenicali, confirmou, na quinta-feira, o interesse de Portugal, Turquia e Alemanha em acolherem uma prova do Campeonato do Mundo, mas revelou que “será difícil” algum dos países receber uma corrida.

Estas declarações não se alinham com a garantia deixada por Luís Montenegro a 14 de agosto, quando o primeiro-ministro anunciou, com surpresa: "Estou em condições de vos dizer que temos tudo pronto para formalizar o regresso da Fórmula 1 ao Algarve em 2027." A última vez que a prova esteve em Portugal aconteceu durante a pandemia, em 2021, numa corrida vencida por Lewis Hamilton, então ainda piloto da Mercedes.

Em declarações aos jornalistas, à margem do Grande Prémio de Itália, que se disputa em Monza este fim de semana, Stefano Domenicali, presidente executivo da Fórmula 1, disse que “há muitos pedidos” para integrar o calendário mundial.

Imola (Itália) recebeu este ano o seu último Grande Prémio e Zandvoort (Países Baixos) acaba contrato em 2026. Mesmo Barcelona procura um novo local. Com o calendário já preenchido por 24 eventos, o máximo permitido pelo Pacto de Concórdia entre promotor do campeonato e as equipas, serão poucas as novidades a introduzir nos próximos anos.

“Há Portugal, Turquia e, recentemente, Hockenheim [na Alemanha] demonstraram interesse. A coisa mais importante que os possíveis anfitriões devem entender é que há pouquíssimas vagas disponíveis. Portanto, aqueles que se sentam à mesa precisam de ter poder financeiro”, sublinhou Domenicalli.

Esta parte da intervenção do responsável da Fórmula 1 coincide com o discurso de Luís Montenegro na Festa do PSD do Pontal, em agosto: "Estes eventos implicam algum esforço financeiro por parte do governo, mas têm um retorno quer financeiro direto, quer indireto de promoção que valem, sinceramente, a pena."

O diretor-executivo da F1, aliás, reforçou essa necessidade de apoio estatal como suporte.

"Hoje, a situação é diferente de há alguns anos, não apenas pelo que é necessário para entrar na Fórmula 1, mas também pelo que deve ser investido. Não podemos esquecer-nos de que estamos a pressionar muito pela sustentabilidade: todos os promotores devem estar prontos para cumprir os padrões de neutralidade carbónica a partir de 2030", frisou.

Além disso, “os eventos que recebem de 450 a 500 mil pessoas enfrentarão desafios em termos de energia”.

“Estamos a trabalhar seriamente nessas questões e os promotores devem alinhar-se. Aqueles que não estiverem prontos não conseguirão organizar o evento", garantiu Domenicalli.

Segundo revelou o italiano, alguns dos países interessados incluem ainda a Arábia Saudita [para um segundo evento], bem como novos destinos no Ruanda e na Tailândia, que estarão adiantados face a Portugal e da Turquia. Outras corridas terão de entrar em acordos de "rotação" para abrir caminho para estes novos eventos, incluindo o português.

“É muito difícil. Além de alguns, poucos, casos, devo dizer que cerca de 90% dos promotores recebem contribuições dos seus governos ou de entidades públicas. Sem esse apoio, é muito difícil", concluiu.

Tem alguma questão? Envie um email ao jornalista: piquete@expresso.impresa.pt