O GP Bahrain terá dado sinais pouco animadores para quem gosta de competitividade na Fórmula 1: o domínio de Max Verstappen foi tal que no final da primeira corrida a pergunta já não era quem vai ser campeão mas sim quando e quão cedo irá o neerlandês assegurar o terceiro título mundial.
Max continua fino na condução, agressivo e pouco dado a erros. Está no auge, impossível de parar se o assunto for talento puro. Mas a Fórmula 1 é feita de binómios. Um piloto não está só e o carro é quase tudo. E quando o carro falha, não há jeito para atacar as curvas que valha. Terá sido o que passou pela cabeça de Verstappen e de toda a box da Red Bull quando na Q2 para o GP Arábia Saudita o RB19 com o número 1 no nariz deixou de dar de si, apagou-se. Verstappen ainda o levou au ralenti até à garagem, abandonando logo ali a qualificação. Talvez só no domingo se perceberá se o bicampeão do mundo parte mesmo de 15.º, o lugar em que acabou por ficar, ou então aproveita para mudar algum componente do seu Red Bull, saindo ainda mais de trás ou mesmo do pit lane.
Com tudo isto, abriu-se a porta das possibilidades de um fim de semana que parecia condenado ao reinado de Verstappen, que até chegou a Jidá com atraso depois de ter sofrido com um vírus estomacal no início da semana. Fisicamente, o neerlandês não pareceu afetado. Já o seu monolugar padeceu de um vírus mecânico, aproveitado pelo seu colega de equipa, Sergio Pérez, que repetiu a pole que havia conquistado na Arábia Saudita no último Mundial.
O mexicano partirá então na frente e ao seu lado terá Fernando Alonso (Aston Martin), mesmo que o segundo mais rápido da sessão de qualificação tenha sido Charles Leclerc (Ferrari), que tem uma penalização de dez lugares às costas depois trocar componentes do motor logo após a primeira corrida do ano. Da segunda linha sairão George Russell (Mercedes) e Carlos Sainz (Ferrari). Lewis Hamilton (Mercedes) fez apenas o 8.º tempo e sairá de sétimo, numa qualificação onde o rookie Oscar Piastri se destacou, levando o aparentemente frágil McLaren à Q3 - vai sair de 8.º.
A corrida de domingo ganha assim interesse redobrado, numa pista rapidíssima, atreita a caos, acidentes e confusão. Começar atrás não significa necessariamente que Verstappen esteja fora dos candidatos à vitória, tal o nível estratosférico que vem demonstrando, mas dar-lhe-á, seguramente, mais trabalho. O que será bom para o espetáculo e para a imprevisibilidade que se temia não vir a existir esta temporada. No domingo, haverá show em Jidá, a partir das 17h de Lisboa, já noite na Arábia Saudita.