Passaram 45 anos desde que Lella Lombardi competiu pela última vez na Fórmula 1. Desde então, nenhuma mulher voltou a ter lugar entre os 20 pilotos das 10 equipas da categoria-rainha. Nem sequer as expectativas para o futuro eram boas, com Stefano Domenicali, presidente e diretor executivo da F1, a afirmar no início desta temporada que era "muito improvável" que houvesse uma piloto feminina na categoria nos próximos cinco anos.
Mas os objetivos parecem ter mudado e a Fórmula 1 anunciou, esta sexta-feira, a criação de uma nova academia de pilotos só para mulheres, destinada a ajudá-las e prepará-las para as principais categorias do desporto motorizado.
A F1 Academy vai ser composta por cinco equipas que serão dirigidas por outras equipas mais “fortes e experientes” da Fórmula 3 e Fórmula 2. Cada uma delas terá três carros, o que dá um total de 15 carros na grelha. A temporada inaugural vai contar com sete eventos de três corridas cada (21 corridas), mais 15 dias de testes oficiais. O calendário de 2023 será revelado mais tarde e é provável que inclua um dos fins de semana de competição da Fórmula 1.
"Todos devem ter a oportunidade de seguir os seus sonhos e alcançar o seu potencial. A Fórmula 1 quer garantir que estamos a fazer tudo o que podemos para criar uma maior diversidade e possibilidades para este incrível desporto. É por isso que tenho o prazer de anunciar a F1 Academy que dará às jovens pilotos a melhor oportunidade de cumprirem as suas ambições através de um programa abrangente que apoia as suas carreiras de corrida e lhes dá tudo o que precisam para passarem à F3 e, esperemos, à F2 e depois ao auge na Fórmula 1", escreveu Domenicali em comunicado.
A F1 vai ainda contribuir com 150 mil euros para cada entrada, mas espera que cada piloto cubra o mesmo montante. As equipas fornecerão o resto do orçamento.
O diretor da F1 Academy, Bruno Michel, considerou este um valor justo, acrescentando, em declarações ao “The Telegraph”, que não considera que haverá um problema no preenchimento das vagas, uma vez que este valor é uma percentagem dos custos habituais de uma série comparável. "E mais, as academias das equipas de F1 começarão a financiar as pilotos", previu.
Esta nova série surge numa altura em que a W Series passa por um momento de incerteza. O campeonato de 2022 ficou por terminar por falta de financiamento e ainda nada está confirmado em relação ao próximo ano. Esta foi a primeira série a apostar nas corridas totalmente no feminino.
Em conferência de imprensa, Domenicali disse que a criação da academia não se destinava a substituir a W Series, mas sim a ajudar "a preparar as jovens pilotos para progredir para níveis mais elevados de competição, incluindo a W Series, Fórmula 3, Fórmula 2 e Fórmula 1".
Catherine Bond Muir, fundadora da W Series, mostrou-se satisfeita com a notícia da criação desta nova série. “É fantástico ver este crescimento como resultado do nosso trabalho pioneiro. A W Series recebe qualquer iniciativa que partilhe a nossa ambição de proporcionar mais oportunidades para as mulheres no desporto automóvel. O nosso objetivo desde o início tem sido sempre o de aumentar a reserva de talentos das mulheres pilotos, e a adição da F1 Academy como feeder da W Series e outras séries é mais um passo para inspirar a próxima geração a progredir na escada do desporto motorizado", lê-se em comunicado.