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Diretor da McLaren exige que Red Bull seja punida pela “batota” de gastar mais do que o permitido (sem retirar o título a Verstappen)

Zak Brown junta a sua voz à de muitas outras no paddock, particularmente da Mercedes. O responsável pela McLaren escreveu uma carta em que pede repercussões ao nível financeiro e desportivo para a equipa de Max Verstappen, o bicampeão mundial, por parte da Federação Internacional Automóvel

Expresso

Clive Rose/Getty

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Zak Brown, diretor da equipa McLaren na Fórmula 1, exige que a rival Red Bull, que viu Max Verstappen revalidar, há duas semanas, o título mundial, seja punida pela Federação Internacional Automóvel (FIA) por ter excedido o teto orçamental imposto pelas novas regras da competição. Brown escreveu uma carta e pede que haja consequências financeiras, mas também desportivas, para a equipa do touro vermelho.

Na epístola, Zak Brown lembra que “a quebra das regras orçamentais… constitui batota”. O norte-americano escreveu diretamente ao presidente da FIA, Mohammed bem Sulayem, bem como ao líder da F1, Stefano Domenicali. De acordo com o “The Guardian”, a carta circulou pelas outras equipas – exceto a acusada.

“A quebra do teto orçamental, bem como possivelmente outras quebras de procedimento, constitui batota ao dar uma vantagem significativa em termos de regras técnicas, desportivas e financeiras. (…) A FIA organizou um processo extremamente rigoroso, colaborativo e aberto. Até nos deram um ano de testes [em 2020], com amplas oportunidades de clarificar quaisquer detalhes (…). Por isso, não há razão para qualquer equipa vir agora dizer que ficou surpreendida”, pode ler-se.

Após o GP do Japão que viu Verstappen tornar-se bicampeão do mundo, a FIA anunciou uma avaliação dos orçamentos submetidos pelas equipas durante a temporada 2021. O organismo concluiu que a Red Bull tinha excedido o teto de 145 milhões de dólares, com uma quebra “de procedimento” e outra infração “menor”, sendo que esta pode ser qualquer coisa até 5% do limite, mais ou menos sete milhões de dólares.

Zak Brown mostrou-se inflexível em relação aos números envolvidos, sublinhando a obrigatoriedade de uma atitude por parte da FIA, apesar de não ter ido ao ponto de pedir que fosse retirado a Verstappen o controverso título de 2021. O chefe da McLaren apontou para os possíveis ganhos em performance, algo que Toto Wolff, o diretor da equipa Mercedes, já tinha referido.

Aos italianos do “Corriere dello Sport”, Wolff ironizou e avisou que, caso o desrespeito da Red Bull saia impune, isso abrirá um precedente perigoso que fará com que as outras equipas façam o mesmo nas próximas temporadas. O alemão advogou o “direito de fazer batota” para a Mercedes e para as outras escuderias.

Brown argumentou também: “O limite é qualquer equipa que tenha gasto de mais e que tenha uma vantagem injusta no desenvolvimento atual e futuro [do carro]. Não sentimos que apenas uma multa seja a penalização certa. (…) Claramente, tem de haver uma penalização desportiva nestas circunstâncias, determinada pela FIA”.

As sanções aplicáveis pelo organismo incluem multas ou potenciais deduções de pontos dos pilotos ou da equipa, o que poderia ter impacto sobre o renhido Campeonato do Mundo de 2021. Então, Verstappen arrecadou o troféu de pilotos com oito pontos de vantagem sobre Lewis Hamilton.

A Red Bull mantém a versão de que o orçamento estava dentro dos limites, tendo expressado surpresa e desilusão com as descobertas da FIA. Crê-se que a interpretação dos regulamentos é a chave para a questão do teto orçamental. No entanto, a FIA não se pronunciou sobre a quantia em causa ou em que áreas a Red Bull é acusada de gastar demasiado. Acerca da carta de Brown, a equipa austríaca optou por não fazer comentários.

O teto orçamental foi introduzido para equilibrar o poderio das dez equipas de Fórmula 1, diminuindo as distâncias entre elas. Foi recebido entusiasticamente pela maioria como uma forma de melhorar a modalidade, mas apenas será efetivo se funcionar – o que, em termos de vitórias, não está de todo a acontecer – e superar as lacunas que originam casos como o da Red Bull.