Fórmula 1

Hamilton pediu ação e a F1 vai proibir o acesso de Nelson Piquet aos Grandes Prémios até o brasileiro se desculpar pelas palavras racistas

Hamilton pediu ação e a F1 vai proibir o acesso de Nelson Piquet aos Grandes Prémios até o brasileiro se desculpar pelas palavras racistas
BRYN LENNON/Getty

O "Guardian" diz que a Fórmula 1 vai ter mão pesada com o antigo tricampeão mundial, que num podcast se referiu a Lewis Hamilton utilizando um termo racista. Vários pilotos da atual grelha já se uniram em apoio ao piloto da Mercedes

Carlos Luís Ramalhão

Depois de ter sido insultado por comentários racistas da parte do antigo piloto Nelson Piquet, Lewis Hamilton disse que “chegou a altura de agir”. O brasileiro comentava um acidente do GP da Grã-Bretanha de 2021 que envolveu o heptacampeão do Mundo e o atual detentor do título, Max Verstappen, namorado da filha de Piquet, quando tratou repetidamente o britânico por um termo insultuoso.

Após as condenações veementes da parte da equipa Mercedes e da Fórmula 1, a organização da categoria máxima do automobilismo mundial de pista vai agora, segundo o jornal “The Guardian”, proibir a presença de Nelson Piquet nos Grandes Prémios, pelo menos até que o ex-piloto peça desculpa a Hamilton.

A F1, que tem a sua própria plataforma antirracismo sob o lema “We Race As One” (“Corremos unidos”), foi rápida a condenar as palavras de Piquet, num comunicado em que garantia que “a linguagem racista e discriminatória é inaceitável” e chamava a Lewis Hamilton “embaixador incrível” da modalidade, merecedor de “respeito”.

Hamilton reagiu como nunca, no Twitter: “É mais do que linguagem. Estas mentalidades arcaicas precisam de mudar e não têm lugar na nossa modalidade. Tenho estado rodeado destas atitudes e sido um alvo ao longo de toda a minha vida. Já houve muito tempo para aprender. Chegou a altura de agir”.

Além das ações da F1, muitos adversários em pista reagiram em defesa de Lewis Hamilton. O companheiro de equipa na Mercedes, George Russell, escreveu nas redes sociais: “Tenho muito respeito por Lewis Hamilton. Ele fez mais pelo desporto do que qualquer outro piloto. E não apenas nas pistas, mas também fora delas. O facto de ele e outros pilotos ainda precisarem de lidar com este tipo de comportamentos é inaceitável. Precisamos de nos unir contra todos os tipos de discriminação".

Charles Leclerc, piloto da Ferrari, também reagiu: "[Hamilton] foi sempre gentil e respeitoso comigo e com todos os outros. Esses valores deveriam ser o padrão entre todos. Os comentários [de Piquet] a respeito dele não devem ser tolerados”. O australiano Daniel Ricciardo deixou uma mensagem de claro apoio: “Aqueles que ainda escolherem espalhar ódio e usar essas palavras não são meus amigos. Eu gostaria de reconhecer o Lewis e todo o trabalho que ele tem feito, tanto dentro como fora das pistas, não apenas pregando a mensagem da igualdade, mas também combatendo o ódio”. “Nunca tive de lidar com racismo, mas ele [Hamilton] tem tido, toda a vida. Eu apoio-o e farei o que for preciso para continuar a apoiar”, escreveu o piloto da McLaren.

Da Alpine, foi Esteban Ocon quem se fez ouvir: “Eu trabalhei e passei tempo com o Lewis ao longo dos anos, sei que tipo de pessoa é, sempre genuíno e respeitoso com todos”. “Estamos orgulhosos de o ter à frente da nossa luta por mais diversidade e inclusão no automobilismo”, afirmou o francês.

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