GP Canadá. O dia da marmota - mesmo com ziguezagues - com mais uma vitória para Max Verstappen
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Neerlandês garantiu a 6.ª vitória do ano num grande prémio onde a emoção só apareceu verdadeiramente nas últimas voltas, após um safety car ter encostado o piloto da Red Bull e Carlos Sainz (Ferrari). O campeão em título resistiu à pressão e é cada vez mais líder do Mundial
São bichos mais ou menos omnipresentes naquela Ilha de Notre Dame, ao largo de Montreal, as marmotas que tantas vezes se aventuram pelo asfalto do circuito da cidade canadiana, provocando valentes sustos nos pilotos, que de repente se vêem numa corrida de obstáculos. Elas fizeram naturalmente as suas aparições neste ano de regresso do GP Canadá, sem mortos nem feridos a registar, mas como que a dar o sinal para o que aí vinha: vinte pilotos começaram a corrida e no final ganhou Max Verstappen.
Tal como no filme em que Bill Murray, feito apresentador da meteorologia na ficção, vai cobrir o Dia da Marmota e vê-se a acordar vezes sem conta no mesmo dia do calendário, também o GP Canadá de 2022 foi uma repetição de tantos outros grandes prémios deste ano, como o último em Baku, mas não sem alguns ziguezagues, criados essencial e ultimamente pelo safety car provocado pelo despiste bizarro de Yuki Tsunoda a 21 voltas do fim. Que apenas, na verdade, dificultou ligeiramente uma vitória do neerlandês que a certa altura era apenas business as usual.
Com Carlos Sainz a garantir aí uma paragem quase à borla para mudar de pneus, as últimas voltas foram de ataque constante do espanhol da Ferrari ao campeão mundial em título, depois de sair coladinho a este, recuperando de uma assentada uma desvantagem que, em condições normais, estava a ser difícil de encurtar. Mas o número 1 da Red Bull manteve uma calma gélida, nunca errou sob pressão, garantindo a 6.ª vitória do ano, a segunda seguida e a 6.ª consecutiva para a Red Bull. Aumentou ainda a vantagem no Mundial para o colega de equipa Sergio Perez e para Charles Leclerc (Ferrari), que partiu de penúltimo à conta de uma penalização por troca de motor e conseguiu escalar até ao 5.º lugar.
Verstappen e Sainz em luta direta nas últimas voltas
Clive Mason/Getty
Já o mexicano teve um fim de semana de total fiasco. Depois de bater na qualificação, arrancando por isso apenas de 13.º, ficou sem transmissão logo à volta 8, desistindo e acionando o primeiro Virtual Safety Car (VSC) da corrida. Isto numa altura em que um dos grandes motivos de interesse da prova já tinha praticamente morrido. Fernando Alonso (Alpine), a partir de 2.º depois de uma extraordinária qualificação em piso molhado na véspera, tinha prometido atacar Max Verstappen no arranque, mas não só o piloto da Red Bull partiu bem como o espanhol teve de preocupar-se isso sim em se defender de Carlos Sainz, que rapidamente passaria o mais veterano dos vizinhos aqui do lado.
Novo VSC seria acionado à volta 20, com o abandono de Mick Schumacher (Haas), quando seguia nos pontos, mas, entre estratégias com maiores ou menores nuances (Verstappen parou nas boxes no primeiro VSC e Sainz no segundo), tudo parecia definido à volta 23, com o neerlandês em primeiro, Sainz em 2.º e Hamilton em 3.º depois de ultrapassar Fernando Alonso. Apenas o acidente de Tsunoda, que se despistou mal voltou à corrida depois de parar nas boxes, veio trazer algum picante às últimas voltas, mas a defesa férrea de Max Verstappen, naquele que foi o seu 150.º GP de Fórmula 1, não mudou o destino que já antes estava gravado em pedra. Como prémio de consolação, Sainz ficou com o ponto-extra da volta mais rápida e a Ferrari com uma boa maquia de pontos para o Mundial de construtores.
Mercedes sorri
Quanto à Mercedes, e depois de fins de semana complicados, o Canadá parece ter dado um pequeno laivo de felicidade à equipa, com Lewis Hamilton a fazer uma corrida muito sólida, tanto em pista como na estratégia, que valeu ao britânico o segundo pódio do ano. George Russell chegou logo a seguir, mantendo a sua série de resultados dentro do top 5 desde o início da temporada.
A seguir chegaram os dois Alpine, com Esteban Ocon e Fernando Alonso, seguidos dos dois Alfa Romeo, de Valtteri Bottas e do chinês Guanyu Zhou, que voltou a mostrar mãozinhas. Um dos homens da casa, Lance Stroll (Aston Martin), garantiu o último ponto já nas últimas voltas, ao ultrapassar Daniel Ricciardo (McLaren).
Max Verstappen tem agora 175 pontos, Sergio Pérez 129 e Charles Leclerc 126. Nos construtores, a Ferrari aproximou-se, mas ainda assim a Red Bull segue descansadamente na frente, com 304 pontos, contra os 228 da Ferrari. A Mercedes, também com uma boa operação em equipa no Canadá, sai de Montreal com 188 pontos.
A F1 regressa agora à Europa para a longa perna do verão, que arranca daqui a 15 dias em Silverstone, no GP Grã-Bretanha.