A primeira peça de um dominó metafórico foi tombada pela Federação Internacional de Natação (FINA) no domingo, quando, já com os Mundiais na água em Budapeste, anunciou a aprovação de uma “nova política de inclusão de género” para ser aplicada em todas as competições internacionais. Nas suas 24 páginas, lia-se um critério de elegibilidade para as provas femininas que abriu uma espécie de precedente: no caso de atletas trans, apenas poderia participar quem “não experienciou qualquer parte da puberdade masculina para lá da fase 2 de Tanner (uma escala científica para aferir a maturação sexual e desenvolvimento corporal) ou antes dos 12 anos de idade”.
Esta orientação, formulada com base nas recomendações de três grupos de trabalho (um composto por atletas, outro por cientistas e médicos, o restante de especialistas legais e em direitos humanos), fez a FINA abrir uma espécie de precedente, tornando-se a federação internacional que tutela uma modalidade a adotar os critérios mais restritos face a atletas trans. A decisão não tem carácter vinculativo, ou seja, nenhum dos 152 membros que compõem a FINA está obrigado a transpor a resolução para as suas provas — a organização apenas escreveu que podem “usá-la como orientação” —, mas a Federação Portuguesa de Natação (FPN) vai fazê-lo já a partir de setembro.
António José Silva, presidente da entidade, confirmou-o à Tribuna Expresso: “A federação vai adotar estas medidas, aliás, foi um dos principais promotores das alterações. Irão a reunião de aprovação e depois iremos implementar estas medidas”. O dirigente falou de Budapeste, onde decorrem os Mundiais de natação até domingo, 3 de julho, e se realizou o Congresso da FINA que aprovou a nova política com respaldo de 71,5%.