Coco Gauff considera que as estrelas do desporto devem usar o estatuto e a visibilidade para fomentar uma alteração de mentalidades e pedir a paz. No final do jogo em que se qualificou para a final de Roland-Garros, a tenista norte-americana de 18 anos escreveu uma mensagem clara numa câmara de televisão: “Acabem com a violência armada”.
“No momento, pareceu-me correto. Espero que chegue às cabeças das pessoas responsáveis e que as coisas mudem”, disse Gauff à imprensa, referindo-se ao massacre ocorrido numa escola do Texas, na passada semana, em que morreram 19 crianças e dois professores. Já na quinta-feira, um homem armado assassinou três funcionários e um paciente de um hospital no Oklahoma.
A adolescente admitiu: “Eu nem sabia bem o que ia escrever, mesmo no momento em que ia a caminho da câmara. Pareceu-me o correto naquele momento, escrever aquilo”. A número 23 do ranking WTA prosseguiu, dizendo: “Acordei hoje de manhã e vi que houve outro tiroteio e penso que é de loucos”.
Coco Gauff enumera facilmente os exemplos de atletas com intervenção social que a inspiram: LeBron James, Serena Williams, Billie Jean King, Naomi Osaka ou Colin Kaepernick. “Sinto que somos muitas vezes postos numa caixa e as pessoas dizem que o desporto e a política deviam permanecer separados (…) Sou humana, primeiro, antes de ser tenista. Claro que vou preocupar-me com estas questões e falar em público sobre elas”, esclareceu Coco.
A jovem é da Flórida e lembra-se de um tiroteio num liceu, em Parkland, em 2018, em que 17 pessoas morreram. “Eu acho que este é um problema noutras partes do mundo, mas especialmente na América. (…) Tem acontecido há já alguns anos, mas obviamente está a ter mais atenção agora”, disse Gauff.
Após bater a italiana Martina Trevisan nas meias-finais, na quinta-feira, Coco tornou-se a mais jovem finalista de Roland-Garros depois de Kim Clijsters, em 2001. É também a mais jovem a chegar à final de um torneio do Grand Slam depois de Maria Sharapova o ter feito aos 17 anos em Wimbledon no ano de 2004. Na final de sábado, espera-a a número um do mundo, apenas dois anos mais velha, Iga Swiatek. A polaca venceu os últimos 34 jogos e cinco torneios.