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EUA mudam de estratégia e consideram que Brittney Griner está “detida injustamente” na Rússia

EUA mudam de estratégia e consideram que Brittney Griner está “detida injustamente” na Rússia
Michael Hickey

A duas semanas de Brittney Griner regressar ao tribunal na Rússia, os Estados Unidos mudaram de estratégia. Ao atribuírem a classificação de “detida injustamente” à jogadora, dão permissão às colegas da WNBA para atraírem toda a atenção que desejarem para o caso

A 28 de abril, as Phoenix Mercury regressaram à quadra, frente às Seattle Storm, para o primeiro jogo da pré-temporada da WNBA. No final, a derrota por 78-82 deu pouco que falar e as atenções continuaram todas viradas para um outro tema. Brittney Griner, jogadora das Mercury e da seleção dos Estados Unidos, está detida na Rússia há mais de dois meses. Numa altura em que os adeptos pedem mais atenção para o caso e a liga se mantém discreta como parte do plano, o governo norte-americano decidiu mudar de estratégia.

Segundo avançou a “ESPN” a partir de contactos com fontes próximas do caso, a situação de Griner é agora considerada uma detenção injusta da parte do governo russo, algo que representa uma mudança significativa na forma como os responsáveis pelo caso tentarão levá-la para casa.

"A Brittney está detida há 75 dias e a nossa expetativa é que a Casa Branca faça o que for necessário para a trazer para casa", disse a agente de Griner, Lindsay Kagawa Colas, à “ESPN” esta terça-feira.

Esta mudança na designação para “detida injustamente” significa que o governo dos EUA deixará de esperar que o caso de Griner se desenrole através do sistema legal russo e procurará negociar o seu regresso. Significa também que as restantes jogadoras e equipas da WNBA, ou qualquer outro apoiante público da jogadora, serão informados de que podem atrair toda a atenção que desejarem para o caso e não precisam de controlar tudo o que dizem como têm feito até aqui.

"Sentimo-nos muito bem com isso. Mas também sabemos que pode arrastar-se, por isso não queremos ter demasiadas esperanças", disse uma fonte próxima da jogadora em relação a esta alteração.

A fonte confirmou também, na segunda-feira, que Bill Richardson, ex-embaixador dos EUA nas Nações Unidas que tem trabalhado na negociação internacional de reféns, concordou em colaborar no caso de Griner — algo que não significa que a jogadora seja considerada refém. A nova classificação de “detida injustamente” não equivale ao mesmo em termos legais. Richardson foi uma das pessoas que trabalhou na libertação de Trevor Reed, um dos presos políticos que se encontrava detido na Rússia.

A basquetebolista norte-americana ainda não foi formalmente acusada, mas tem uma audiência marcada para 19 de maio. Esta mudança não implica que a Rússia irá alterar a sua posição oficial sobre a detenção, significa, sim, que os Estados Unidos consideram o processo judicial irrelevante para o caso.

Esta terça-feira, a WNBA anunciou que irá manter Griner “na linha da frente” de tudo o que acontecer ao longo da temporada 2022. Para o simbolizar, será colocado um decalque com as iniciais e o número da jogadora na linha lateral das quadras das 12 equipas que disputam a liga.

E agora que estas jogadoras têm permissão para falar, espera-se que as iniciativas não terminem por aqui.

A WNBA é provavelmente uma das ligas norte-americanas que mais se manifesta a favor dos direitos humanos e contra qualquer injustiça social. Há muito que as jogadoras optaram por tomar posições públicas em relação a temas como raça, igualdade de género ou política. Nos dias que se seguiram ao assassinato de George Floyd, por parte de um polícia, as jogadoras da WNBA boicotaram os jogos. No início da pandemia, usaram camisolas onde se podia ler a frase “Say her name” ("Diz o nome dela") referindo-se a Breonna Taylor, baleada e morta pela polícia.

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