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A vida de Frederico Morais mudou: não será um dos 22 melhores surfistas do mundo e terá de se requalificar para o circuito mundial

Ao ser eliminado da quinta etapa do circuito desta época, em Margaret River, à terceira ronda, o português, de 30 anos, não garantiu pontos suficientes para ser um dos 22 primeiros do ranking. Kikas terá agora de competir no Challenger Series, onde só os 12 melhores surfistas garantem a presença no Championship Tour do próximo ano

Diogo Pombo

Frederico Morais em Margaret River, sentado ao lado de Richard Marsh, o seu treinador.

Aaron Hughes/WSL

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Era onda adquirida e garantida que Margaret River seria a grande separadora de trigo do joio. Ao estar no equador do circuito mundial de surf, a quinta etapa da temporada, situada a sul de Perth, na Austrália Ocidental, definiria a sina dos e das surfistas para o resto do ano, relaxando um pouco a vida a uns e arreliando a de outros na demanda de ainda estarem a competir entre o que se vulgarizou chamar de ‘elite’ em 2023.

Ainda antes de fazer o inventário do que levar para o país que é uma ilha e ao mesmo tempo um continente, Frederico Morais não sabia bem para quantas semanas deveria encher as malas de viagem. “Tanto pode ser só um mês, como podem ser dois. Ou fico na Austrália, ou fico na Austrália”, disse, em março, à Tribuna Expresso, ainda com os pés em Peniche e perspetivando a dureza do que o esperaria. O tempo deu a infeliz razão ao português.

Na madrugada desta terça-feira, Kikas não superou o Caio Ibelli na terceira ronda do Margaret River Pro, incapaz de conjurar mais do que 8.50 pontos contra os 15 do brasileiro. Ao ser eliminado nesta fase, levou 1.330 pontos que são insuficientes para, no final da prova, ser um dos primeiros 21 surfistas do ranking que sobrevivem à fatia que a World Surf League começou a cortar o ano passado — o badalado cut, após o qual só os felizardos poderão competir nas cinco etapas seguintes.

O português, 30 anos, vai então continuar mais umas semanas à beira-mar na Austrália porque, já este sábado, arrancará o Challenger Series no lado oposto do país, na Gold Coast, para onde está marcada a primeira de oito etapas do circuito desta espécie de circuito de qualificação dos circuitos de qualificação: também participarão os homens e as mulheres vindos de sete circuitos regionais (Qualification Series). A vida de Frederico Morais passará a ser esta.

Após competir na segunda etapa, agendada para a praia de Manly, em Sydney, este tour seguirá para a África do Sul (Ballito), os EUA (Huntington), Portugal (Ribeira d’Ilhas, na Ericeira), França (Hossegor), Brasil (Saquarema) e Havai (Haleiwa). Será a saltitar por entre estes lugares que Frederico Morais fará por evitar uma segunda despromoção do circuito mundial, que já lhe aconteceu em 2018, ao terminar o ano na 23.ª posição do ranking. Em 2017, na estreia, terminou no 14.º posto.