Nasceu em Lamego, mais concretamente em Penude. Foi lá que cresceu?
Sou natural de Penude, a aldeia onde nasceu a minha mãe, mas cresci em Avões, de onde é natural o meu pai, que fica a dois quilómetros de Lamego, do outro lado da serra das Meadas.
O que faziam os seus pais profissionalmente?
O meu pai era empregado de comércio, trabalhava numa loja de roupa e a minha mãe era costureira e fazia limpezas em casas.
Tem irmãos?
Tenho um irmão cinco anos mais velho.
Como era em criança, recorda-se?
Dizem que era muito mau, era muito agarrado à minha mãe e até o padre lá da aldeia dizia que eu chorava muito. Quando éramos miúdos a minha mãe trabalhava em casa, na costura, e eu agarrei-me muito a ela. Só para ter uma ideia, antigamente a minha mãe lavava a roupa num tanque mesmo em frente a casa e quando ela ia lá, eu punha-me à porta a gritar e a chorar e todas as vizinhas ouviam [risos].
Tem mais alguma história daquelas que ainda hoje se contam em família?
Tenho [risos]. A nossa casa era em frente da casa da minha avó e tínhamos muitos campos ali à volta, de batatas, de milho, muita cerejeira… E quando andávamos a brincar não íamos à casa de banho, fazíamos ali, nos campos. Um dia fiz um cocó no meio do terreno e comecei a gritar pelo meu tio António: “Ó tio, traga-me um pedaço de jornal para eu me limpar” [risos]. Ele estava à conversa com a minha avó e só dizia "Já vou". Como estava a demorar muito, fui a correr, cheguei ao pé dele e limpei o rabo às calças dele [risos]. Ainda hoje ele fala dessa história. Eu era muito pequenino.
Da escola, gostava?
Sim, gostava e sempre fui bom aluno. Na primária, que era perto de casa, quando saía das aulas chegava a casa o meu avô, sentava-me nas escadas, fazia os trabalhos de casa todos de seguida, lanchava e só depois é que ia brincar com o meu avô, que muitas vezes ainda andava no campo. Eu adorava ir para o campo, ele até tinha uma sacola pequenita que fez para mim. Mas sempre tive aquele sentido de responsabilidade, de acabar primeiro a tarefa, para depois ir brincar.
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