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“Um dia, o Vítor Pereira deu-me umas fotocópias de uma entrevista ao Piqué e só me disse: ‘Ando a dizer-te isto há um ano’”

“Um dia, o Vítor Pereira deu-me umas fotocópias de uma entrevista ao Piqué e só me disse: ‘Ando a dizer-te isto há um ano’”
Nuno Fox

Gonçalo Santos cresceu numa aldeia perto de Lamego e era um menino da mamã, até que aos 15 anos teve de largar o conforto do lar para carimbar a carreira de futebolista, em Coimbra. Terminada a formação entre a Académica e o Tourizense, voou até aos Açores onde conheceu o treinador que o fez pensar no jogo de outra forma. Mas foi no D. Aves que o falecido Vítor Oliveira deu-lhe um novo rumo dentro de campo, passando-o para médio, posição onde foi feliz no Estoril Praia de Marco Silva, antes da primeira experiência no estrangeiro

Nasceu em Lamego, mais concretamente em Penude. Foi lá que cresceu?
Sou natural de Penude, a aldeia onde nasceu a minha mãe, mas cresci em Avões, de onde é natural o meu pai, que fica a dois quilómetros de Lamego, do outro lado da serra das Meadas.

O que faziam os seus pais profissionalmente?
O meu pai era empregado de comércio, trabalhava numa loja de roupa e a minha mãe era costureira e fazia limpezas em casas.

Tem irmãos?
Tenho um irmão cinco anos mais velho.

Como era em criança, recorda-se?
Dizem que era muito mau, era muito agarrado à minha mãe e até o padre lá da aldeia dizia que eu chorava muito. Quando éramos miúdos a minha mãe trabalhava em casa, na costura, e eu agarrei-me muito a ela. Só para ter uma ideia, antigamente a minha mãe lavava a roupa num tanque mesmo em frente a casa e quando ela ia lá, eu punha-me à porta a gritar e a chorar e todas as vizinhas ouviam [risos].

Tem mais alguma história daquelas que ainda hoje se contam em família?
Tenho [risos]. A nossa casa era em frente da casa da minha avó e tínhamos muitos campos ali à volta, de batatas, de milho, muita cerejeira… E quando andávamos a brincar não íamos à casa de banho, fazíamos ali, nos campos. Um dia fiz um cocó no meio do terreno e comecei a gritar pelo meu tio António: “Ó tio, traga-me um pedaço de jornal para eu me limpar” [risos]. Ele estava à conversa com a minha avó e só dizia "Já vou". Como estava a demorar muito, fui a correr, cheguei ao pé dele e limpei o rabo às calças dele [risos]. Ainda hoje ele fala dessa história. Eu era muito pequenino.

Da escola, gostava?
Sim, gostava e sempre fui bom aluno. Na primária, que era perto de casa, quando saía das aulas chegava a casa o meu avô, sentava-me nas escadas, fazia os trabalhos de casa todos de seguida, lanchava e só depois é que ia brincar com o meu avô, que muitas vezes ainda andava no campo. Eu adorava ir para o campo, ele até tinha uma sacola pequenita que fez para mim. Mas sempre tive aquele sentido de responsabilidade, de acabar primeiro a tarefa, para depois ir brincar.

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