A morte e ressurreição de Mino Raiola: “Estou furioso porque tentaram matar-me pela segunda vez em quatro meses”
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Pouco depois das 12h30, meios como a "Gazzetta dello Sport", "La Repubblica" ou "El País" noticiaram o falecimento do empresário. No entanto, uma hora depois, o agente que representa estrelas como Ibrahimovic, Haaland ou Pogba, desmentiu, no Twitter, a sua própria morte. O médico responsável pelo tratamento de Raiola — também clínico pessoal de Berlusconi e presidente do Génova — diz que o agente "está a lutar pela vida"
A notícia fez soar alarmes nas redações de todo o mundo: "Mino Raiola morreu". Foi assim que, pouco depois das 12h30, jornais de referência como "Gazzetta dello Sport", "La Repubblica" ou "El País" deram conta do falecimento de um dos empresários de futebol mais mediáticos e poderosos do século XXI.
Os ecos da informação não tardaram a espalhar-se, chegando à Tribuna Expresso ou ao Real Madrid, que na sua conta oficial no Twitter expressou pesar pelo falecimento do agente italiano. No entanto, pouco depois da informação inicial, começou a parecer que as notícias sobre a morte de Mino Raiola eram manifestamente exageradas.
Cerca das 13h10, José Fortes Rodriguez, uma das pessoas que trabalha com Raiola, desmentiu à "NOS", canal público de televisão dos Países Baixos, o desaparecimento do representante, admitindo que o italiano estava "numa situação difícil", mas que "não tinha falecido".
Às 13h32, a agência de notícias italiana "ANSA" informou que Mino Raiola estava "em estado grave" no hospital San Raffaele, em Milão, negando, também, que estivesse morto. A agência citou Alberto Zangrilo, chefe da unidade de cuidados intensivos do hospital que manifestou "indignação" pelas "chamadas telefónicas de pseudo-jornalistas" que "especulam com a vida de um homem que está a lutar para sobreviver". Zangrilo é igualmente médico pessoal de Silvio Berlusconi e presidente do Génova, da Série A.
Às 13h41, chegou a confirmação definitiva e absoluta da sobrevivência de Mino Raiola. Através da conta no Twitter, o agente atualizou o seu "estatuto de saúde atual" e reagiu a tudo o que se passou: "Estou furioso porque tentaram matar-me pela segunda vez em quatro meses. Parece que também consigo ressuscitar".
A morte e ressurreição de Mino Raiola centrou atenções no mundo das redes sociais futebolísticas, com Cesc Fàbregas a pedir "respeito". Os jornais mais reputados do mundo passaram, em minutos, de noticiar a morte do agente para titularem que este está "entre a vida e a morte", escreveu a "Marca", ou em estado "gravíssimo", como classificou a "Gazzetta dello Sport".
Em janeiro, Raiola foi internado devido a uma patologia pulmonar, tendo sido sujeito a uma intervenção cirúrgica. O estado de saúde tem-se agravado e, como indicou o chefe da unidade de cuidados intensivos em que o italiano está, a condição clínica do agente é crítica.
De Nedved a Haaland, passando por Ibrahimovic ou Balotelli
Natural de Salerno, no sul de Itália, Mino Raiola foi, com os pais, para Harlem, nos Países Baixos, ainda em bebé. A família era dona de uma pizaria e, desde jovem, Raiola começou a ajudar no negócio.
Tendo estudado direito e sabendo falar várias línguas — italiano, inglês, alemão, francês ou espanhol —, Raiola sempre quis ser empresário de futebol, entrando no mundo da bola quando, em 1993, Rob Jansen, um dos principais agentes neerlandeses, lhe pediu ajuda como tradutor no negócio que levou Dennis Bergkamp do Ajax para o Inter. O primeiro grande movimento liderado por Raiola foi a transferência de Pavel Nedved do Sparta de Praga para a Lazio.
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Com um estilo peculiar, vestindo-se sempre de t-shirts num mundo marcado pelo fato e gravata, o italiano foi-se tornando representantes de várias das principais estrelas do futebol mundial. Zlatan Ibrahimovic, Erling Haaland, Paul Pogba ou Mario Balotelli são alguns dos clientes de Raiola, conhecido por cultivar relações muito próximas com os seus agenciados.
Segundo a lista da "Forbes", Mino Raiola é o quarto agente desportivo que encaixa mais dinheiro no mundo, um lugar atrás de Jorge Mendes. A fama de negociador implacável, que não abdica de comissões chorudas em cada transferência, levou-o a entrar em rota de colisão com grandes figuras do futebol. Alex Ferguson, que o chamou "saco de m****", foi um dos principais opositores do italiano.
Nos últimos anos, Mino Raiola vem protagonizando, também, uma guerra contra a FIFA, organização que classificou como "ditadura comunista". Juntamente com outros dos principais agentes do mundo, como Jonathan Barnett ou Jorge Mendes, Raiola criou uma associação de empresários para fazer frente ao organismo máximo do futebol mundial.