Com 22 anos trocou o Nacional pelo Granada, onde iniciou um percurso ascendente no futebol espanhol que o levou à seleção. Antes de disputar a final da Taça do Rei contra o Valência (sábado, 21h00, Sport TV4), que pode terminar com um jejum de 17 anos sem títulos na elite para o Betis, o português que defende a baliza dos andaluzes fala sobre a grandeza do clube que representa, o "líder Joaquín" e como a meditação e a leitura o ajudam
Como são as horas antes de jogar a primeira final em 17 anos para o Betis?
Há algumas semanas que se vem falando deste encontro, o que é normal e pode tirar-nos o foco do que temos para fazer diariamente, porque ainda lutamos por estar na Liga dos Campeões [o Betis é 5º na La Liga, um lugar abaixo das posições Champions]. Queremos fazer um bom jogo, porque este é um clube enorme, com uma massa associativa grande, apaixonada e exigente, que merece este título. O Betis, depois de alguns anos afastado destes palcos, merece estar noutra dimensão, competir na Europa e lutar por títulos. Depois de 17 anos, é importante sentir que estamos a disputar objetivos importantes.
A final é em Sevilha, ainda que não no vosso estádio [é no La Cartuja]. Isso é uma pressão ou um incentivo?
É um incentivo, mas também pode gerar alguma pressão extra, da qual nos tentamos abstrair, mas que é normal. As ruas estão cheias de bandeiras, veem-se autocarros com as cores do Betis… Sentes que vais jogar uma final em casa e isso dá-te um pouco de pressão, mas disputar uma final é sempre uma pressão boa.
É normal que um português que tinha 10 anos na altura do Euro 2004 olhe com prudência para uma final em casa…
[Risos] Claro, claro.
Falaste do crescimento recente do Betis. Depois do último triunfo na Taça, em 2005, o clube desceu de divisão em 2008/09, conseguindo voltar à La Liga duas temporadas depois, mas tendo voltado a descer em 2013/14. Nos últimos tempos, parece haver um projeto bem mais consolidado e com tempo para se cimentar.
Isso é fundamental. Nota-se que está a ser feito um trabalho muito importante na estrutura do clube, porque eu diria que quase metade do plantel já renovou contrato ao longo desta época, o que é sinal de um projeto a médio e longo prazo. Sabemos que mudar os plantéis todos os anos é penalizador, porque o entrosamento e conhecimento mútuo entre jogadores facilita a obtenção de resultados.
Quando se fala de futebol em Sevilha, é inevitável falar dos dois lados da cidade, o do Betis e o do Sevilha. Essa bipolarização é muito visível?
É. Sabemos o que o Sevilha tem conquistado nos últimos anos, nomeadamente com a Liga Europa e jogando a Champions. Claro que, do outro lado, nos exigem que estejamos a esse nível ou que sejamos superiores. É normal haver rivalidade, mas temos de respeitar.
A final da Taça disputa-se em Sevilha, com uma equipa de Sevilha, e está entalada entre duas datas muito importantes para a cidade: a Semana Santa e a Feria. Acredito que a ideia seja ter quase três semanas seguidas de festa, com a Taça pelo meio.
Sim, oxalá sejam três semanas de festa. Agora é possível caminhar pelo centro, com tanta a gente que se vê. Esta junção de Semana Santa, final da Taça e Feria é muito importante para a cidade, para o turismo, e esperemos que este fim-de-semana seja de festa para a cidade de Sevilla e para os béticos.
Já te imaginas na Feria com a Taça debaixo do braço?
[Risos] Sim, seria algo único para todos nós. Pode ser o meu primeiro título e o primeiro nunca se esquece. É importante aproveitar, porque numa carreira nunca se sabe quando vai voltar a acontecer e, portanto, temos de aproveitar todos os momentos.
Tem alguma questão? Envie um email ao jornalista: tribuna@expresso.impresa.pt