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Da corrupção na candidatura à morte de trabalhadores migrantes: uma triste cronologia do Mundial do Catar

A atribuição do torneio ao país do Médio Oriente fez parte da teia de subornos que levaram à queda de Blatter ou Platini, expondo práticas criminosas na cúpula do futebol mundial. Nos últimos anos, o desrespeito pelos direitos de trabalhadores —muitos faleceram enquanto construíam as infra-estruturas do torneio em condições indignas — manchou uma competição num país que discrimina mulheres e homossexuais

Pedro Barata

Alexander Hassenstein - FIFA/Getty

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A 17 de novembro de 2010, Doha engalanou-se para ser palco de uma das mais fervorosas rivalidades do mundo do futebol. Um Brasil - Argentina nunca é um amigável e, portanto, o Khalifa International Stadium esmerou-se para acolher um embate que enfrentou Ronaldinho Gaúcho a Lionel Messi, Neymar a Di María, Robinho a Gonzalo Higuaín ou Dani Alves a Javier Zanetti. A parada de estrelas coincidia com o desfile visível nas bancadas, onde estavam Alex Ferguson, Zinedine Zidane, Mario Alberto Kempes ou a antiga lenda do ténis John McEnroe.

O duelo foi decidido por um golaço de Messi no minuto 90 — estávamos em plena era de domínio do Barcelona de Guardiola e portanto esta conjugação de palavras, por si só, não é propriamente indicativa de uma partida concreta daqueles anos. A razão de toda esta pompa era só uma: promover a candidatura do Catar ao Mundial 2022. A votação decorreria pouco depois, a 2 de dezembro, e semelhante reunião de nomes fortes foi entendida como uma demonstração de força (leia-se dinheiro para pagar a presença de tanta figura) por parte de quem queria que a competição se disputasse, pela primeira vez, no Médio Oriente. Uma sedutora ação de campanha.

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