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“O que será preciso para punir devidamente um tenista?”: Jenson Brooksby acertou com a raquete num apanha-bolas e não foi desqualificado

“O que será preciso para punir devidamente um tenista?”: Jenson Brooksby acertou com a raquete num apanha-bolas e não foi desqualificado
Sarah Stier

Jenson Brooksby irritou-se, o apanha-bolas sofreu as consequências, mas o árbitro foi ligeiro com o tenista. Algo que desagradou a muitos. O tenista já fez um pedido de desculpas e irá continuar a competir já este sábado, no torneio de Miami

Em 2020, num espaço de poucos meses, Novak Djokovic atingiu por duas vezes um juiz de linha com uma bola de ténis. A segunda situação ocorreu durante o US Open e aquilo que a diferenciou da primeira é que o tenista agiu por raiva. Ainda que a juíza de linha não tenha ficado ferida e Djokovic tenha imediatamente demonstrado a sua preocupação, a organização do torneio decidiu desqualificar o tenista.

Os adeptos presentes no Open de Miami e todos aqueles que acompanham os jogos pela televisão voltaram a relembrar este incidente esta quinta-feira. E não foi pelos melhores motivos. A história voltou a repetir-se, desta vez com o tenista Jenson Brooksby e um apanha-bolas a terem o protagonismo.

No terceiro set da sua primeira ronda contra o argentino Federico Coria, o norte-americano atirou a raquete para o chão, só que esta derrapou e forçou um apanha-bolas a tentar, sem sucesso, evitar ser atingido. Ao contrário do que fez Djokovic, em 2020, o tenista não mostrou muita preocupação, dirigindo-se apenas ao apanha-bolas para recuperar a raquete que este apanhou. Brooksby acabou por vencer a partida e seguir em frente no torneio.

E não, não foi desclassificado, recebeu apenas um ponto de penalização.

“O regulamento tem muitas zonas cinzentas. Se acertas em alguém no court, deve ser desqualificação direta. A ATP vai ter de chegar a um entendimento sobre os regulamentos”, reagiu o adversário de Brooksby, no final da partida.

Se no momento o tenista não pareceu muito preocupado, ao final do dia recorreu às redes sociais para dar uma justificação: “Lamento sinceramente pelas minhas ações de hoje. Vou aprender com isto e continuarei a crescer dentro e fora do court. Obrigada aos adeptos pelo apoio de hoje! Vejo-vos no sábado”, lê-se no Instagram do tenista.

A mea culpa chegou num momento em que o universo do ténis já estava a reagir ao sucedido. E, na maioria dos casos, de uma forma não muito positiva.

O ex-tenista Patrick McEnroe escreveu no Twitter: "A sério, o que é que vai ser preciso... derramar sangue... para punir devidamente um jogador de ténis. Isto é completamente absurdo".

Recentemente os episódios de violência têm sido recorrentes no universo do ténis. Um dos que mais chocou os adeptos foi o que envolveu Alexander Zverev e a cadeira do árbitro de uma partida. Zverev perdeu a calma depois de, ao lado do brasileiro Marcelo Melo, ter perdido por 6-2, 4-6, 10-6 contra Lloyd Glasspool e Harri Heliovaara. O alemão bateu na cadeira do árbitro com a raquete por três vezes antes de se dirigir para o seu lugar, mas ainda regressou para voltar a fazer o mesmo.

Também aqui várias vozes se levantaram contra a punição aplicada pela ATP, novamente por ser demasiado branda. Zverev recebeu uma multa de 25 mil dólares (22,7 mil euros) e uma espécie de “pena suspensa” de oito semanas, que só será aplicada caso o alemão volte a repetir o mesmo tipo de comportamento ao longo do próximo ano.

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