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SAD do Porto quer financiar-se em €40 milhões e aceita pagar mais juros para adiar responsabilidades

SAD do Porto quer financiar-se em €40 milhões e aceita pagar mais juros para adiar responsabilidades
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Oferta de novas obrigações dá juros de 5,25% a quem subscrever. SAD liderada por Pinto da Costa limita consequências de ter feito maior emissão de sempre no ano passado

SAD do Porto quer financiar-se em €40 milhões e aceita pagar mais juros para adiar responsabilidades

Diogo Cavaleiro

Jornalista

A SAD do Futebol Clube do Porto pretende financiar-se em 40 milhões de euros, sendo que uma parcela será pela entrega de dinheiro por obrigações e a outra parcela será pela troca por títulos já existentes. O objetivo: adiar o pagamento de dívidas.

Em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o FC Porto anuncia que vai levar a cabo uma emissão de obrigações de até 40 milhões de euros: serão 8 milhões de obrigações 2022/2025, cada uma com valor unitário de 5 euros. Este é o valor inicial global, podendo vir a ser aumentado consoante a procura.

Emitir obrigações significa obter um financiamento, para a SAD, ou um investimento, para quem aplica o seu dinheiro: a SAD recebe os €40 milhões para os fins definidos; os investidores pagam pelas obrigações, recebem juros anuais e, dentro de três anos, recebem também o capital.

Dois tipos de oferta

No caso desta operação, a SAD do FCP promete uma taxa de juro fixa bruta de 5,25%, sendo que são duas as formas de alcançar o montante pretendido: uma oferta de subscrição e uma oferta de troca.

A oferta de subscrição permite aos investidores que pretendem aplicar o dinheiro nestas obrigações: estarão disponíveis 25 milhões de euros nesta parte da operação (5 milhões de obrigações, com valor unitário de 5 euros).

Já a oferta de troca é apenas para os investidores que já têm obrigações da FC Porto SAD 2021/2023, títulos que foram subscritos no ano passado, que tinham um juro bruto de 4,75%, e que deveriam ser reembolsados em 2023. São objeto desta segunda oferta até 5 milhões de obrigações, de 5 euros cada, no valor global até 25 milhões de euros. Por cada obrigação antiga trocada (2021/2023), o investidor vai receber uma obrigação nova (2022/2025) e um prémio em dinheiro de 5 cêntimos.

Se a procura for superior à oferta, terá de haver rateio, ou seja, nem todos os pedidos poderão ser satisfeitos na dimensão pretendida.

Efeitos da maior emissão

“Em particular, a oferta de troca visa ao permitir à FC Porto SAD substituir parte da sua dívida com vencimento em 2023 por dívida com reembolsos de capital em 2025”, indica o prospeto que foi divulgado à CMVM. Assim, reduzem-se as responsabilidades a enfrentar pela SAD no próximo ano, adiando parte do encargo até 2025.

Em 2021, o FC Porto tinha feito a maior emissão obrigacionista de sempre de uma SAD, obtendo 64,8 milhões de euros, que seria o valor a reembolsar em 2023. Com esta oferta de troca, o objetivo da SAD é limitar o custo na data inicialmente prevista, 2023.

Em suma, aponta o comunicado, “a FC Porto SAD visa obter fundos para financiar a sua atividade corrente, bem como a consolidar o respetivo passivo num prazo mais alargado e dar prosseguimento à estratégia de alongamento de maturidade da sua dívida, de modo a alinhá-la melhor com a geração de cash-flow, não estando prevista a utilização para determinada finalidade específica dos proveitos que, eventualmente, resultem para a FC Porto SAD da emissão das Obrigações FC Porto SAD 2022-2025, não existindo por isso uma ordem de prioridade de utilizações definida”.

Quanto investir?

O FC Porto alerta que colocar menos de 2.500 euros nestas obrigações não dará retorno: “a rendibilidade efetiva do investimento depende ainda da situação concreta do investidor, incluindo a sua situação fiscal, e das comissões cobradas pelo intermediário financeiro (considerando a generalidade dos preçários dos intermediários financeiros, o investimento poderá não ter rendibilidade positiva para investidores que subscrevam apenas 500 Obrigações FC Porto SAD 2022-2025 e queiram mantê-las até à Data de Reembolso)”.

Presidida por Jorge Nuno Pinto da Costa, a SAD do FC Porto é detida pelo clube, com uma posição de 75,99%, sendo que são minoritários António Oliveira, com 7,34%, e a Olivedesportos, de Joaquim Oliveira, com 6,68%. No primeiro semestre, o clube teve prejuízos de 10 milhões de euros, continuando a apresentar uma situação patrimonial negativa, com o capital próprio (diferença entre ativo e passivo) é negativo em quase 200 milhões — o que leva também a alertas do seu auditor.

Tem alguma questão? Envie um email ao jornalista: dcavaleiro@expresso.impresa.pt