O comunicado do Conselho de Disciplina da Federação Portugeusa de Futebol (FPF) sobre o FC Porto – Sporting assemelha-se a uma lista de compras que pretenda encher uma despensa. No texto divulgado pelo organismo, há penalizações já instauradas a jogadores, bem como suspensões preventivas a outros futebolistas ou delegados e uma série de processos de inquérito.
O Conselho de Disciplina começa por separar os incidentes que deram origem a “processos sumários” daqueles que levaram à “instauração de procedimentos disciplinares relativamente a factos mais graves em que possam estar em causa castigos severos (que não podem ser aplicados em processo sumário)” ou a outros que, sendo “menos graves”, não estão descritos no relatório do jogo.
Assim, quanto às sanções em processo sumário, isto é, aquelas cujos factos que as originaram foram descritos no relatório da equipa de arbitragem, das forças policiais ou do delegado da Liga e que não impliquem uma suspensão superior a um mês ou quatro jogos, são de registar os casos de Augustín Marchesín, João Palhinha, Sebastián Coates e Carlos Fernandes, bem como ambos os clubes.
O guarda-redes do FC Porto foi suspenso por dois jogos e multado em €1.020 por “pontapear um adversário, praticando um ato de conduta violenta”; Palhinha, do Sporting, foi sancionado com três partidas e €1.530 de multa por “agredir um adversário com uma estalada”; Coates, capitão dos leões, foi castigado com um encontro e multado em €153 pelo cartão vermelho que viu; Carlos Fernandes, adjunto de Rúben Amorim, apanhou um jogo e foi multado em €2.040 por “entrar no terreno de jogo para interferir com o jogo”.
Já o FC Porto levou uma multa de €11.475 por “entrada e deflagração de material pirotécnico” e outra de €5.100 por “utilização irregular de aparelhagem sonora”, ao passo que o Sporting foi multado em €5.740 por “deflagração de material pirotécnico”.
Os outros processos decorrentes dos incidentes do clássico são procedimentos disciplinares ou de inquérito, “o que significa que o processo entrará de seguida na fase de instrução”, da competência da Comissão de Instrutores da Liga. Estes são casos de maior gravidade ou que não foram referidos nos relatórios.
Desta forma, quer Pepe — “pontapeou um diretor da equipa adversária” — quer Bruno Tabata — “empurrou um diretor da equipa adversária” — encontram-se “suspensos de forma preventiva automática” pelo “período de dois jogos”. Ambos os jogadores ficam a aguardar a conclusão dos respetivos processos, mas não poderão estar nas próximas partidas de FC Porto e Sporting.
Também a Luís Gonçalves e Hugo Viana, respetivamente delegados de FC Porto e Sporting, viram ser-lhe instaurados processos disciplinares por terem “entrado no terreno de jogo para provocar um conflito com um adversário”. De acordo com o escrito no comunicado, “atendendo ao facto de estarem em causa indícios da prática de infrações disciplinares graves e à circunstância de ambos os agentes desportivos terem antecedentes disciplinares semelhantes”, Gonçalves e Viana foram suspensos preventivamente por 20 dias.
Também a Matheus Reis foi instaurado um processo disciplinar. Segundo o relatório, o jogador brasileiro do Sporting fez um “gesto incorreto” no “decorrer do jogo”, o qual foi “amplamente divulgado na comunicação social e que não foi relatado em relatórios oficiais”.
Finalmente, diversos processos de inquérito foram instaurados relativamente a muitos outros incidentes: um “arremesso de garrafa de água e isqueiro por apanha-bolas”; um “arremesso de objeto metálico, em forma de projétil”; ou “comportamento dos assistentes de recinto desportivo” e de “elementos de equipa de ativações publicitárias” do FC Porto.
O último incidente descrito é a “factualidade relatada após a conferência de imprensa entre Frederico Varandas, Vítor Baia e Rui Cerqueira”. O clássico do Dragão promete ainda fazer correr muita tinta.