Expresso

Incidentes racistas e violentos nos estádios portugueses em níveis pré-pandemia

Incidentes racistas e violentos nos estádios portugueses em níveis pré-pandemia

De agosto até agora, o número de adeptos expulsos de recintos desportivos vai em 50, diz o “JN”. Depois da acalmia do confinamento, as situações problemáticas têm aumentado sob a forma de insultos maioritariamente racistas e incitação à violência

Pela sua dimensão, o futebol é a modalidade desportiva mais relevante em Portugal. Isso também se aplica a um lado mais sombrio, caraterizado por um amor/ódio dos adeptos, que regressaram aos estádios depois da interdição devido à pandemia. E com eles, voltaram os insultos racistas e os incidentes violentos.

O “Jornal de Notícias” debruçou-se sobre a questão e concluiu que o número de casos está a aumentar e caminha para estatísticas pré-pandémicas. O Ponto Nacional de Informações sobre o Desporto (PNID) regista os casos partilhados pela PSP e pela GNR e, entre incitamento à violência, racismo, xenofobia ou ódio, as situações são quase cinco vezes mais do que na época passada. De agosto até agora, foram expulsos 50 adeptos dos estádios.

De acordo com o “JN”, na primeira metade da época atual, de agosto até dezembro de 2021, terão ocorrido “64 crimes, contraordenações ou participações disciplinares por incitamento à violência ou ao racismo,” quase tantos como na temporada inteira de 2019/20.

Roberto Domingues, coordenador do PNID, explicou os números ao diário sediado no Porto: “Na primeira metade desta época, verificou-se um total de 1569 incidentes em recintos desportivos”. O pico máximo terá sido atingido em 2018/19, com 3891 casos, de acordo com a mesma fonte.

O coordenador do PNID explica também que há “uma maior proatividade da PSP em fiscalizar e travar este tipo de situações,” o que ajuda a justificar os números. A Autoridade para a Prevenção e Combate à Violência no Desporto (APCVD) foi também ouvida pelo “JN” e considera: “Os incidentes registados até 31 de janeiro não são comparáveis com as duas épocas desportivas anteriores, que foram atípicas (…) com a realização de jogos sem público”.

Dois exemplos de grande violência foram registados à volta de jogos para as competições europeias: no Estádio da Luz, com adeptos do Dínamo de Kiev a terem de ser travados pela PSP e em Braga, com a intervenção das autoridades a ser necessária devido à violência provocada pelos “ultras” do Estrela Vermelha.

Apesar do indesejado regresso dos incidentes, o “JN” informa que, por exemplo, a posse ou o arremesso de artefactos pirotécnicos têm baixado drasticamente, de 1493 situações na época passada para 491 registos contabilizados desde agosto. Ainda assim, um fraco consolo estatístico, tendo em conta o referido anteriormente.

Tem alguma questão? Envie um email ao jornalista: tribuna@expresso.impresa.pt