Expresso

Há 16 anos, Lindsey Jacobellis perdera uma medalha por celebrar antes de tempo. Em Pequim, chegou a redenção da “rapariga do ouro”

Há 16 anos, Lindsey Jacobellis perdera uma medalha por celebrar antes de tempo. Em Pequim, chegou a redenção da “rapariga do ouro”

A norte-americana Lindsey Jacobellis precisou de cinco edições dos Jogos Olímpicos para conquistar o tão desejado ouro em snowboard cross, depois de um erro a ter afastado da medalha que tinha já praticamente garantida na sua primeira participação. Não desistiu, regressou sempre e acabou por vencer

A sabedoria popular diria que mais vale tarde do que nunca e Lindsey Jacobellis é a prova disso mesmo. Numa enorme prova de perseverança, a norte-americana protagonizou, esta quarta-feira, talvez a maior história de redenção dos Jogos Olímpicos de inverno.

Há 16 anos que Jacobellis é conhecida como a snowboarder que estava na frente da final dos Jogos Olímpicos de Turim, em 2006, até ao momento em que caiu durante um festejo após o penúltimo salto. Foi um ato que transformou o ouro em prata e a manteve, durante anos, longe do tão desejado primeiro lugar. Mas talvez o maior ensinamento seja o de nunca desistir daquilo que se quer e, na sua quinta participação nos Jogos, a norte-americana surpreendeu ao conseguir finalmente ganhar uma medalha de ouro em snowboard cross.

Um feito com um sabor ainda mais especial, visto esta ser a primeira medalha de ouro para os Estados Unidos em Pequim.

“Se olharmos para a lista inicial de atletas, eu estava na escola secundária quando algumas destas raparigas nasceram”, afirmou Jacobellis, de 36 anos, no final da competição. “Mas acho que sou muito competitiva, sou assim desde pequena. Foi sempre este fogo que eu tive dentro de mim”.

O fogo fez-se notar nos últimos momentos da final, quando já conseguia ouvir a francesa Chloé Trespeuch a aproximar-se, mas nem pestanejou. Estava claro que, desta vez, Jacobellis não iria deixar escapar o ouro.

Aquele momento em Turim perseguiu-a durante toda a sua carreira, mas foi também essencial para que a medalha em Pequim tenha sido possível. A atleta acredita que sem isso “provavelmente já teria desistido do desporto”, que acabou por não se tornar divertido, apenas um local onde sentia a “pressão” para ser “a rapariga de ouro”.

Jacobellis foi campeã mundial de snowboard cross por cinco vezes, sem conseguir chegar ao ouro olímpico em Pyeongchang, Sochi e Vancouver, além de Turim. Ao ganhar agora, não fez a coisa por menos — tornou-se a medalhada mais velha de sempre entre todos os eventos de snowboard.

Chegar ao final em primeiro foi o momento que precisou para deixar no passado o que aconteceu em 2006: “Eles podem continuar a falar sobre isso o quanto quiserem. Realmente moldou a pessoa que eu sou, manteve-me com ‘fome’ e ajudou-me muito a continuar a lutar no desporto.”

Tem alguma questão? Envie um email ao jornalista: tribuna@expresso.impresa.pt