Victor Gomes é sul-africano, mas é também português e será um dos árbitros no Mundial do Catar. As origens deste lusodescendente de 39 anos levaram-no para o futebol, onde começou por jogar como defesa direito da União, uma equipa portuguesa de Joanesburgo. Aos 12 anos percebeu que, afinal, essa não era a melhor posição dentro do campo e pediu que o deixassem apitar jogos. “Ser é árbitro é uma maneira de estar na vida” e não acaba no fim do jogo. A função do árbitro é “proteger as regras do jogo, os jogadores e a integridade do futebol”, diz o homem que denunciou uma tentativa de suborno e que é considerado o melhor árbitro de África. A Tribuna Expresso falou com Victor Gomes na Madeira, a ilha que é a terra dos pais e que sente como sua. E a onde foi para apitar também o jogo de apresentação do Marítimo.
Será o único árbitro com nacionalidade portuguesa no Catar. Como é que se sente?
Sinto-me muito orgulhoso. É um sonho de menino ir ao Mundial. Não há ninguém que não queira atingir o topo da sua área de trabalho e, na arbitragem, o topo é o Mundial.
E como é que alguém decide ser árbitro? É a figura mais odiada, criticada e insultada num jogo de futebol
Eu acho que é uma paixão. O futebol é um desporto muito emocionante. É por essa razão que é a modalidade com mais adeptos no mundo. Em inglês dizemos que é muito emotional. Muitas das críticas são só por causa das emoções, fazem parte do futebol. Nós, os árbitros, já aceitamos as críticas, os comentários, aqueles que são considerados normais dentro do futebol [risos].
Tem ideia de quando é que decidiu ser árbitro?
Eu tinha 12 anos e jogava futebol numa equipa na África do Sul, portuguesa, o União de Joanesburgo. Era defesa direito e só passava a bola, não era bem jogador. E houve um dia que pedi ao meu treinador para me deixar arbitrar os jogos. Começou assim, como que uma brincadeira. Mas aos 14 anos já arbitrava jogos.