Crónica de Jogo

Um equívoco e um susto depois, o Sporting segue em frente na Taça de Portugal

Um equívoco e um susto depois, o Sporting segue em frente na Taça de Portugal
RODRIGO ANTUNES

Rúben Amorim entrou em campo com Pote na ala esquerda e aos 8 minutos já perdia frente ao Olivais e Moscavide, das distritais. A invenção não resultou e a reviravolta fez-se apenas na 2.ª parte, com Geny Catamo em destaque. Vitória por 3-1 e os leões estão na próxima fase da prova

Na antevisão ao encontro com o Olivais e Moscavide, Rúben Amorim garantiu que não iria à Amadora com os juniores ou os juvenis. Mas, em contrapartida, chegou com uma invenção. Mirando-se o onze, por lá coabitavam Dario Essugo, Bragança, Pote, Edwards e Trincão. Iria o extremo ex-SC Braga para a ala? Possível. Jogaria o Sporting com uma linha de quatro? Perfeitamente plausível. Mas o que se viu no verdejante campo de batalha foi outra coisa, mais inesperada: a habitual linha de três centrais e Pote na ala esquerda.

Tantas vezes acusado de não ter um plano B, de não ser flexível, Rúben Amorim como que explica o porquê: é um treinador de sistema e não se tem dado bem com grandes engenharias. Esta também não funcionou e não ajudou o Sporting a ter um jogo descansado na 3.ª eliminatória da Taça de Portugal, fase em que caiu na temporada passada. O empate veio ainda antes do intervalo, a reviravolta apareceu ainda cedo na 2.ª parte, mas a vitória por 3-1 (com o último golo dos leões a aparecer já nos descontos) diz muito do jogo pobre que os líderes da I Liga apresentaram frente a um adversário que joga quatro divisões abaixo.

Perdido então num terreno que não é o seu, Pote foi um a menos na 1.ª parte e aos 8 minutos o Sporting - escândalo - já perdia. Uma grande penalidade, cometida por um imprudente Fresneda, seguiu-se a uma bela jogada do Olivais e Moscavide, equipa das distritais da Associação de Futebol de Lisboa: saída rápida com direito a lob de Ítalo para a corrida do lateral Ricardo Cabral, que sofreria depois o penálti. O veterano Fabrício não desperdiçou o castigo máximo.

RODRIGO ANTUNES

O golo premiava um Olivais e Moscavide afoito, a tentar pressionar alto um Sporting pego de surpresa, lento e sem criatividade para desfazer uma defesa a cinco bem organizada. Os cruzamentos que se sucederam a outros cruzamentos que se sucederam a coisa nenhuma traziam laivos do Sporting da época passada e que, nos primeiros meses da nova temporada, pareciam coisa do passado.

Mesmo fora de tom e perdido em campo, seria de Pote uma das únicas oportunidades dos leões na fase inicial, um remate à barra aos 20’. Com Essugo e Bragança manietados pelo meio-campo adversário, praticamente não houve jogo interior e foi preciso um lance individual de Marcus Edwards para o Sporting dar um fim tímido à surpresa. O extremo inglês fez uma maldade a Vasco Garcia, com um túnel malandro, e seria varrido por Evenilton já na área. Aos 44’, estava ali a oportunidade de não ir para o intervalo com um humilhante resultado e foi o próprio Edwards a tratar da questão.

RODRIGO ANTUNES

Foi já com o Sporting a vencer, depois de um pontapé semi-acrobático de Geny Catamo logo após nova bola à barra dos leões, por Edwards, que Rúben Amorim desfez o equívoco: tirou Pote e lançou Nuno Santos para a sua posição natural. A 2.ª parte tornar-se-ia mais fácil para o Sporting, até com a esperada quebra física do Olivais e Moscavide, e daí até final foram-se sucedendo os lances de perigo moderado, alguns deles caricatos pela aparente displicência leonina, como que, de repente, o Sporting não estivesse interessado por aí além em resolver o jogo - o lance aos 63’ em que Edwards surge sozinho após cruzamento de Trincão e remata ao lado é disso mesmo paradigmático.

O jogo ganharia alguma emoção no final, com o Olivais e Moscavide a lançar-se desesperadamente para a frente e ainda a causar alguma tremedeira na defesa do Sporting, que no último suspiro faria o 3-1, com Daniel Bragança a responder em cima da linha a uma jogada pela direita de Geny Catamo. O moçambicano que substituiu Fresneda ao intervalo e acabou por ser decisivo para a passagem do Sporting à próxima fase da Taça de Portugal, onde o que jogou este sábado na Amadora poderá não ser suficiente para seguir em frente.

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