É uma espécie de renascimento. Não estaremos ainda em tempos de certo Sir, mas este Manchester United de Erik ten Hag arrisca voar e, no mínimo, voltar a ser um factor na decisão da Premier League.
Nem que seja na queda do rival City, que depois de perder (2-1) em Old Trafford pode ficar a oito pontos do Arsenal, caso os londrinos vençam em casa também de um rival, o Tottenham, no domingo.
O dérbi de Manchester começou com três portugueses nos titulares, Bruno Fernandes no United e João Cancelo e Bernardo Silva no City e a primeira parte foi tudo aquilo que se poderia esperar de um United-City em 2023: os de Pep Guardiola com mais bola, a tentar encontrar os caminhos da baliza com paciência e posse, e o United a explodir em ataques rápidos, em poucos toques.
E com Haaland muito pouco em jogo, também mérito da estratégia defensiva do United, os red devils foram mesmo a equipa mais perigosa no primeiro tempo. Bruno Fernandes e Rashford, em duas ocasiões, assustaram Ederson e o City só conseguiu mesmo chegar à baliza através da média distância de Kyle Walker, já bem perto do intervalo.
O City cresceria no reatar do encontro, com o United a perder por completo a capacidade de galgar terreno em transição. A entrada de Antony ao intervalo, para o lugar de Martial, nada trouxe à equipa de Ten Hag. Já a aposta em Jack Grealish teria o efeito contrário do lado oposto: aos 60’, o inglês voou sobre os centrais e respondeu da melhor forma ao cruzamento de Kevin de Bruyne.

Simon Stacpoole/Offside
Ten Hag respondeu ao golo dos azuis com a entrada do jovem Alejandro Garnacho, voltando o United à fórmula da 1.ª parte que havia causado problemas ao City. Uma aposta acertada. Aos 78’, o lance que tudo mudaria: Casemiro lançou Rashford, que respondeu à chamada, embora em posição ilegal. O inglês não tocaria na bola, deixando-a para Bruno Fernandes, que rematou para o empate. O assistente inicialmente marcou fora de jogo, mas o árbitro principal validou o golo, numa jogada que deixa dúvidas, já que Rashford influenciou o desfecho.
Levantado em ombros pelo empate e pelas bancadas de Old Trafford, o United agigantou-se e quatro minutos depois Rashford faria o 2-1, depois de um grande trabalho de Garnacho (lançado por Bruno) na esquerda sobre Aké. Uma reviravolta inesperada de um Manchester United que parecia perdido e ausente na 2.ª parte, ainda que com polémica à mistura. Com a nona vitória seguida, os red devils colocam-se a apenas um ponto do rival da cidade, numa jornada em que o grande vencedor pode ser o Arsenal, com hipóteses de reforçar a liderança na tabela.