O contrarrelógio individual da 18.ª etapa da Volta a Espanha em bicicleta, em Valladolid, foi hoje encurtado para 12,2 quilómetros, dos 27,2 previstos, para permitir "maior proteção", com a corrida afetada por manifestações pró-Palestina.
“Com o objetivo de dotar de maior proteção o desenrolar” da 18.ª tirada, pode ler-se em curto comunicado da organização da Vuelta, decidiu-se pelo encurtamento da etapa, em Valladolid.
Segundo os organizadores, a decisão foi tomada depois de ser consultado o Colégio de Comissários e em coordenação com a autarquia local, que já tinha anunciado um reforço do contingente policial, em várias centenas de efetivos.
A etapa era apontada como uma das últimas etapas decisivas na definição da geral final, com o líder dinamarquês Jonas Vingegaard (Visma-Lease a Bike) separado do segundo, o português João Almeida (UAE Emirates), por 50 segundos.
É já a terceira etapa cujo percurso é alterado devido a manifestações de solidariedade com a Palestina, devido à ofensiva militar israelita em curso em Gaza, e contra a presença da equipa Israel Premier Tech.
Já tinha acontecido em Bilbau, primeiro, e voltou a acontecer na terça-feira, com a meta alterada e a etapa neutralizada, na tirada no País Basco, ou disputada numa meta improvisada, como na terça-feira em Mos.
A Volta a Espanha tem contado com a presença constante de pessoas que apoiam a causa palestiniana, face à invasão israelita em Gaza, com bandeiras ao longo do percurso das etapas e manifestações de solidariedade, protestando, além disso, a presença da equipa israelita Israel Premier Tech.
A equipa mudou entretanto os equipamentos, para não se identificar com o país, mas os protestos prosseguem, tendo levado à anulação de uma chegada e à alteração de alguns dos traçados, por receio de que os ciclistas sejam importunados na estrada, como aconteceu com a Premier Tech no contrarrelógio por equipas ou, no domingo, com dois ciclistas que caíram após sentirem a aproximação de um manifestante.
O Governo espanhol e a organização da prova sugeriram à equipa israelita que se retirasse da Vuelta, o que esta recusa fazer para não abrir um “precedente perigoso”, e a União Ciclista Internacional (UCI), que em 2021 baniu equipas russas e ‘retirou’ a bandeira dos ciclistas daquela nacionalidade, condena os incidentes, sem apontar a qualquer decisão.
As forças israelitas têm em curso uma ofensiva na Faixa de Gaza que causou mais de 64.600 mortos no território governado pelo Hamas desde 2007, após um ataque do Hamas no sul de Israel, em 07 de outubro de 2023.
Israel, que anunciou uma operação para tomar a cidade de Gaza, no norte do enclave, tem sido acusado de genocídio e de usar a fome como arma de guerra, que nega.
A ONU declarou em agosto uma situação de fome no norte de Gaza, o que acontece pela primeira vez no Médio Oriente.
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