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“Parte um irmão, um homem bom. Além de ser um grande profissional e um génio como jogador, como homem, não há palavras”

Álvaro Magalhães prestou um depoimento à Tribuna Expresso sobre o seu "irmão" Chalana, que partiu na madrugada desta quarta-feira, aos 63 anos

Alexandra Simões de Abreu

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"Faleceu um irmão. O que hei-de dizer sobre o meu querido irmão…O Chalana era meu amigo dentro e fora do campo, é um homem que me marca. Formamos a melhor ala esquerda, pelo menos na década de 80, do futebol porutugês. Estivemos juntos tanta vez, nos estágios, em campo e fora do futebol. É um homem bom que parte. Além de ser um grande profissional e um génio como jogador, como homem, não há palavras. O Chalana, juntamente com o Eusébio e o Ronaldo são, para mim, os três melhores jogadores portugueses do mundo.

Quando cheguei ao Benfica ele já lá estava e ajudou-me muito. Tinha mais dois anos que eu.

A maior recordação que guardo são coisas que fizemos e falamos e que ficam só entre nós. Foi um privilégio conviver com ele dentro do balneário do Benfica, da seleção nacional e cá fora.

Vou partilhar uma coisa pela primeira vez: quando não joguei aquela 2ª mão da Taça UEFA, antes do jogo ele disse-me só isto: 'Álvaro, daqui a meia hora já estou cá fora. Porque é que tu não vais jogar a 2.ª mão? Eu gosto da tua presença em campo, nós formamos a melhor ala esquerda do futebol português'. Eu fiquei no banco e não é que passado meia hora ele saiu? Foi substituído.

Antes dos jogos combinávamos o que fazer. Ele quando tinha a bola fazia-me logo sinal com a mão: “arranca, passa por mim, que eu coloco a bola”. Nós tínhamos coisas que só nós dois, jogávamos praticamente de olhos fechados. Quando ele tinha a bola já sabia que eu ia arrancar para recebê-la lá na frente. Ele era tecnicamente muito evoluído, fazia coisas incríveis.

Na parte final, ele tinha alguns problemas e no quarto desabafava muito comigo. São coisas que ficam para a vida.

Parte um irmão que vai deixar saudades."

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