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Automobilismo

Tudo começou em 1998, aqui em Fronteira

Começa este sábado, 26 de Novembro, a 24ª edição das BP Ultimate 24 Horas TT Vila de Fronteira, a grande prova de resistência que traz a Portugal alguns dos melhores pilotos mundiais da especialidade

Rui Cardoso

1440 minutos e quase mil quilómetros de prova, parte da qual disputada à luz do farol

Mário Cardoso

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Em Dezembro de 1998, quando se realizou a primeira edição das 24 Horas TT de Fronteira, Clinton era presidente dos EUA e Blair primeiro-ministro do Reino Unido. Tinha acabado de ser assinado um acordo de paz na Irlanda mas começava a guerra civil no Kosovo. Lisboa tinha, com grande sucesso, acolhido a Expo’98 e Saramago recebera o Nobel da Literatura.

Inspirando-se na experiência das 24 Horas TT de Soure, realizadas no ano anterior, José Megre co-fundador do Clube Aventura (mais tarde absorvido pelo ACP Motorsport, actual organizador do evento) lançava em 1998 as suas 24 horas em Fronteira, ainda sem saber que futuro poderia vir a ter a prova.

A grelha de partida era completamente diferente da actual, dominada por jipes e pick ups de tracção integral, onde dominavam os UMM, a que acrescia um número não despiciendo de automóveis 4x2. Havia quem andasse mais e quem andasse menos, quem tivesse melhor material e quem o tivesse pior mas o confronto era razoavelmente equilibrado.

Nessa primeira edição ao nascer do dia o nosso UMM partiu a bainha do eixo dianteiro. Foi soldada como possível, desligámos a tracção dianteira, montámos pneus cardados atrás e lá fomos para a última volta, para garantir que ficávamos classificados. Integravam “o comboio dos duros” o Lada amarelo de Fernando Branco (que chegou a ser totalista das participações em Portalegre) e, pelo menos, um outro UMM que também já não estava grande coisa. Passámos a linha de chegada, vimos a bandeira de xadrez, e celebrámos como um Arouca ou um Vizela quando garantem a permanência na primeira liga.

A outra revolução francesa

As coisas foram evoluindo e ao longo destas 24 edições da prova o parque automóvel mudou. Entraram em cena os buggies, sobretudo franceses, muito leves, potentes e por vezes de tracção integral, fabricados de propósito para este tipo de corridas, criando-se dois pelotões: o da frente, disputado por este género de viaturas e o resto, com os jipes e pick-ups, embora uma ou outra vez TT convecnionais já tenham chegado ao pódio.

Depois vieram os SSV, vulgo “aranhiços”, uns participando nas 24 Horas (e não se portando tão mal como isso) e outros disputando uma míni prova de resistência de quatro horas que antecede a principal e este ano já conta com quase meia centena de inscritos.

Para a edição deste ano que arranca amanhã, sábado 26/11, às 14.00 na vila alentejana de Fronteira adivinha-se uma luta cerrada pela vitória entre as equipas mais cotadas e que têm vencido nos últimos anos. É o caso do clã Andrade, vencedor do ano passado mas outros se poderão intrometer nesta luta. Os objectivos de corrida variam, desde a vitória absoluta só ao alcance das equipas de topo, às vitórias nas diferentes categorias e classes ou apenas chegar classificado ao fim o que após uma centena de voltas e perto de um milhar de quilómetros percorridos nunca é coisa pouca.

Como em qualquer modalidade, foram despontando novos valores como João Ferreira ou Tiago Reis a que se juntam consagrados como Paulo Marques ou João Ramos. Dos velhos tempos, ou seja de quem andou pelos primeiros Portalegres em 1988/89 resta pouca gente: Ismael Margarido, Joaquim Serrão ou Miguel Espírito Santo para além de Rui Casimiro ou Armando Coelho com quem faço equipa no Nissan Patrol GR com o nº 24. Um só piloto participou nas 24 edições desta prova e cujo nome a modéstia me impede de escrever. Apenas vos direi que uma vez mais acompanhará a prova por dentro com crónicas publicadas aqui na Tribuna..