Foi talvez a amizade mais bonita do futebol durante alguns tempos. Bradley conheceu Jermain Defoe nos bastidores de um jogo do Sunderland, quando o pequeno exibiu o papel de mascote, enquanto o futebolista fazia de goleador. Ganharam um amigo instantaneamente quando a criança se sentou no colo do internacional inglês, no balneário. Certa vez, contra a Lituânia, a dupla até liderou a entrada em campo num jogo da seleção inglesa. Durante o hino, o garoto virou-se para trás e abraçou as suas pernas do herói.
Bradley Lowery, de seis anos, tinha um cancro terminal e acabou por morrer a 7 de julho de 2017, depois de arrancar algumas lágrimas a Defoe, até na apresentação pelo Bournemouth nesse verão, garantindo então que o rapaz lhe tinha mudado a vida.
Este sábado, a polícia abriu uma investigação a dois adeptos do Sheffield Wednesday por terem alegadamente gozado com a morte de Bradley durante o jogo contra o Sunderland. O incidente aconteceu na sexta-feira e os homens ainda não foram identificados.
De acordo com o “The Guardian”, circularam fotografias no antigo Twitter, o X, com esses dois indivíduos, no Hillsborough, a rirem-se enquanto um deles exibia uma fotografia de Bradley para a câmera.
O porta-voz do Sheffield Wednesday, conta o diário inglês, considerou o episódio como “ultrajante e deplorável”. O clube também publicou um comunicado: “Estamos cientes das imagens que estão a circular e lançámos uma investigação imediata juntamente com a polícia de South Yorkshire. (...) Só podemos pedir desculpa pelo indubitável sofrimento causado à família e aos amigos de Bradley”.
Segundo a BBC, Bradley, de Blackhall Colliery, County Durham, foi diagnosticado com neuroblastoma, uma rara forma de cancro, com apenas 18 meses de idade. Em 2016, um ano antes de morrer, uma angariação de fundos reuniu mais de 800 mil euros para possibilitar a Bradley um tratamento em Nova Iorque, mas pouco depois os médicos diriam à família que era uma doença terminal.
A mãe, Gemma Lowey, também comentou o caso no X: “Compreensivelmente, as pessoas estão zangadas. Se eu não estivesse tão chateada, também estaria zangada. (...) Quero agradecer ao Sheffield Wednesday pela rápida condenação e pelo apoio que os seus adeptos demonstraram”.
E lembrou: “Como sempre dissemos, o cancro não tem cores”.
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