O homem a quem quase faltaram os dedos das mãos para exibir os anéis de campeão da NFL vai reformar-se finalmente, aos 45 anos. Tom Brady, a maior lenda do futebol americano, anunciou a retirada do jogo da bola oval exatamente um ano depois de ter anunciado pela primeira vez que ia pendurar o capacete. Mas agora “é de vez”, garante.
Brady foi um quarterback que não deixou cair no ridículo nenhum guião de Hollywood sobre quarterbacks e a ascensão deles a um lugar inverosímil ou fabuloso. Em 2000, no draft, foi meramente a anónima e desinteressante 199.ª escolha dos clubes, na sexta ronda. Mais de duas décadas depois, esse quarterback conquistara sete Super Bowls, seis com os New England Patriots, onde passou 20 anos, e outro com os Buccaneers, onde jogou desde março de 2020 e para onde voltou após o arrependimento de oficializar aposentadoria. A decisão manteve-se de pé apenas seis semanas. Afinal, havia “assuntos pendentes”, justificou.
Foram 23 anos na NFL. Agora, apesar de ter havido um ensaio geral no ano passado, aterrou nos amantes da modalidade o sempre nostálgico embora inevitável adeus. “Bom dia, malta. Vou já direto ao assunto: vou retirar-me. De vez”, começou por dizer num vídeo publicado nas suas redes sociais. “Eu sei que o processo foi algo grande da última vez, por isso quando acordei esta manhã decidi carregar no ‘gravar’ e deixar que vocês soubessem primeiro”, revelou, dizendo depois que aquela mensagem seria mais curta, pois a pesada e dramática tinha acontecido há 12 meses.
“Muito obrigado a cada um de vocês por me apoiarem, a minha família, os meus amigos, os meus companheiros, os meus adversários, poderia continuar para sempre. Há muita gente”, continuou. “Obrigado por me permitirem viver o meu sonho absoluto. Não mudaria nada. Amo-vos a todos.”
Apesar dos assuntos pendentes, o desempenho de Tom Brady esta temporada foi supostamente abaixo do que esperam dele, pois ninguém olha para o cartão de cidadão quando um monstro se eterniza numa atividade. Em 18 jogos, fez 25 touchdowns, sofreu nove interceções e acumulou 4.694 jardas com a camisola dos Tampa Bay Buccaneers.
Agora que foi mais sucinto nas justificações, importa recordar o que disse da primeira vez há um ano. O norte-americano revelou então que o football era “all-in” e que, “se o compromisso a 100% não está lá”, então não há a menor chance de ter sucesso. “E o sucesso é o que eu amo neste jogo”, admitiu na altura, comentando que havia chegado o momento de dar espaço para atletas mais jovens comprometidos e dedicados.
O legado não é pequeno. Para além das vitórias que lhe ofereceram jóias para tapar os dedos, Brady fica ligado a vários recordes, nomeadamente nas jardas avançadas através de passes (89.214) e nos touchdowns (649). O quarterback foi ainda eleito o melhor jogador do Super Bowl em cinco ocasiões, algo inédito.
A declaração de Tom Brady, que entre anúncios de reforma se divorciou de Gisele Bundchen, com quem tem dois filhos, cola-se ao jogo mais importante da temporada: dia 12 de fevereiro joga-se o Super Bowl LVII. Os candidatos à joalharia mais apetecível são Kansas City Chiefs e Philadelphia Eagles.