O nome diz tudo mas, pelo sim pelo não, expliquemo-lo com números: em 1.110 jogos pelo Vasco da Gama marcou 708 golos. É o maior ídolo daquele clube, onde conquistou o Campeonato Brasileiro e cinco Cariocas. Roberto Dinamite morreu esta sexta-feira, aos 68 anos, no Rio de Janeiro, com um tumor no intestino, uma doença diagnosticada no final de 2021.
Dinamite, natural de Duque de Caixas, recebeu a alcunha aos 17 anos, depois de marcar um golo numa vitória do Vasco contra o Internacional. Segundo o “Globo Esporte”, o “Jornal dos Sports” escreveu então “Garoto-dinamite explodiu”. E a partir daí nunca mais parou de marcar golos.
A catadupa de golos de Carlos Roberto de Oliveira levaram-no para o Barcelona, onde, apesar de uma curta estadia, partilhou relvado com Allan Simonsen, Carles Rexach e Migueli. Abandonando a Catalunha, regressou pouco depois ao seu Vasco e logo com cinco golos na vitória por 5-2 diante do Corinthians, em maio de 1980, num Maracanã com 100 mil pessoas, conta também o “Globo Esporte”.
“Foi o jogo da minha vida”, contou certa vez ao site oficial do Vasco da Gama. “Voltar ao Brasil, reencontrar a torcida do Vasco, num Vasco-Corinthians, no Maracanã com mais de 100 mil pessoas e marcar cinco golos? Isso para mim realmente teve um significado muito especial, principalmente como jogador de futebol e profissional em voltar para minha casa e para o meu clube. O Corinthians tinha um grande time, com Sócrates, Amaral, Vladimir, Jairão, Zé Maria… Foi um dia que deu tudo certo.”
Uma das maiores mágoas de Dinamite foi não ter jogado na seleção de Telê Santana em 1982. “Deceção”, foi a palavra que usei para rotular a lembrança de não ter jogado “na melhor geração dos últimos tempos”.
A carreira do avançado, que segundo o Zerozero fez 26 golos em 47 internacionalizações, jogou no Campeonato do Mundo de 1978, na Argentina, onde marcou três golos em cinco jogos, foi o artilheiro do Brasil. Roberto Dinamite atuou também nos Jogos Olímpicos de Munique, em 1972, e em três edições da Copa América, em 1975, 1979 e 1983, molhando sempre a sopa.
“É com o mais profundo pesar que o Vasco da Gama recebe a informação que o maior de todos nos deixou neste domingo”, pode ler-se nas redes sociais do clube recentemente promovido ao primeiro escalão do Brasileiro. “Carlos Roberto de Oliveira, o Dinamite, dedicou 29 golos dos seus 68 anos ao clube, como atleta e presidente. Te amaremos para sempre, Calu. Descanse em paz.” Numa carta de despedida do clube pode ler-se: “O Roberto era o Vasco. O Vasco era o Roberto (…) O Maior de Todos será eterno. O seu legado é eterno. A influência em gerações que acompanham o futebol há décadas e chegou a batizar nomes de torcedores é infinita”.
Os outros clubes também prestaram a sua homenagem: “Um adversário admirável, que marcou o futebol e enriqueceu a história do Clássico dos Milhões. Descanse em paz, Dinamite!”, pode ler-se nas redes sociais do Flamengo, agora treinado por Vítor Pereira. Nas redes do Botafogo, treinado por Luís Castro, lê-se: "O Botafogo lamenta a morte de Roberto Dinamite, ícone do futebol carioca e brasileiro, que fez história no Vasco e como rival em campo nos proporcionou clássicos memoráveis. O Clube deseja força aos familiares, amigos e torcedores, e agradece pelo legado deixado. Valeu, Roberto".
Também o Fluminense dispensou algumas palavras para o encantador de balizas: “Um dos grandes da história do futebol carioca e brasileiro, Roberto Dinamite, ídolo do Vasco da Gama, nos deixou neste domingo. Rival em campo, sempre prezou pelo respeito dentro e fora dele. Todo o nosso carinho e sentimento aos fãs, familiares e amigos”.
A admiração dos principiais rivais tem, entre tantas, uma boa explicação: segundo TNT Sports Brasil, nos Clássicos do Rio de Janeiro com Flamengo, Fluminense e Botafogo, Dinamite marcou 27, 36 e 24, respetivamente. O futebol daquele país sul-americano, depois de chorar a morte do Rei Pelé, chora a morte de outro gigante.
Já Juninho Pernambucano, uma estrela que deu que falar no Vasco da Gama antes de voar para a Europa, deixou uma mensagem sentimental: "Descanse em paz eterno, gigante Roberto Dinamite. O futebol e todos nós te agradecemos por tudo. Você foi o maior de todos com a Cruz de Malta no peito. Muita a força a toda família".
Antes de pendurar as botas no seu Vasco, em 1993, o futebolista passou brevemente por Portuguesa e Campo Grande. Dinamite foi também cartola do clube, ao ganhar as eleições para a presidência em 2008 (reeleito em 2011), altura em que o clube desceu de divisão e, no ano seguinte, ganhou a promoção ao Brasileirão.
Em abril de 2022, o clube do coração, onde outrora habitava o Botafogo, ergueu uma estátua em sua homenagem. “Quando se tem carinho, dedicação e trabalho, tudo acontece", disse na altura o ex-futebolista. “Quero agradecer à direção do Vasco, a todas as diretorias do tempo em que fui jogador, companheiros, adversários. Espero que esse momento se torne eterno, porque vocês sabem tudo o que o Vasco representa para mim. Obrigado ao torcedor, obrigado ao Vasco.”